PROCURA
Eu fui buscar em teu corpo
amoras recém-colhidas.
Restou, ardendo nos lábios,
um áspero gosto de vida.
Eu quis deixar em teu corpo
as marcas do meu desejo.
Se estendo as mãos, não alcanço.
Se fecho os olhos, não vejo.
Em teu corpo eu procuro
o desvario dos sentidos.
Por vales e montanhas
venta o vento teus gemidos.
Queria porque queria
desvendar os teus segredos.
A noite me diz: é tarde.
As nuvens respondem: é cedo.
Eu sempre pensei teu corpo,
um veleiro sobre as ondas.
Se ouso gritar teu nome,
talvez o eco responda.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, em "Alguma Poesia".
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
HILDA HILST, em "Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão".
ÁRIAS PEQUENAS PARA BANDOLIM
XI
Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez em minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores
Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.
XI
Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez em minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores
Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Lançamento de Ferreira Gullar, em 2010: EM ALGUMA PARTE ALGUMA
O QUE SE FOI
O que se foi se foi.
Se algo ainda perdura
é só a amarga marca
na paisagem escura.
Se o que se foi regressa,
traz um erro fatal:
falta-lhe simplesmente
ser real.
Portanto, o que se foi,
se volta, é feito morte.
Então por que me faz
o coração bater tão forte?
O que se foi se foi.
Se algo ainda perdura
é só a amarga marca
na paisagem escura.
Se o que se foi regressa,
traz um erro fatal:
falta-lhe simplesmente
ser real.
Portanto, o que se foi,
se volta, é feito morte.
Então por que me faz
o coração bater tão forte?
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Na 56ª Feira do Livro de Porto Alegre/ Novembro de 2010
Sessão de autógrafos do jornalista, escritor e poeta Adroaldo Bauer. O livro é "O Império Bandido". Na foto, Adroaldo e eu.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
THEODEMIRO TOSTES (1903-1986)
BOCA
Purpúrea boca, lúbrica e purpúrea,
onde o sorriso é um pálido lampejo,
taça em que ferve o vinho da luxúria,
flor que se esquiva à abelha do meu beijo...
Eu sinto em ti o eterno anseio, a fúria
de prazeres eróticos, eu vejo
na tua curva lúbrica e purpúrea
toda a tortura lenta do desejo.
Eu vejo a angústia do faminto
nas contorções da fome, e sinto
a longa história do suplício teu...
Gemidos, ânsias incontidas,
frases de amor não proferidas,
beijos ardentes que ninguém colheu...
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO, de Hilda Hilst
O POETA INVENTA VIAGEM, RETORNO,
E SOFRE DE SAUDADE
IX
Debruça-te sobre a tua casa e a tua mulher
E pergunta no mais fundo de ti, no teu abismo,
Se é maior teu espaço de amor, ou maiores
Que o céu esses rigores, a ti te proibindo
Tua amiga incorporada ao teu próprio destino.
Do máximo e do mínimo e a meu favor
(Não me louvando a mim o raciocínio)
Ressurgiria um conceito didático, exemplar:
De que não cabe medida se se trata
Dessa coisa incontida que é o amor.
O coração amante se dilata. O preconceito?
Um punhado de sal num mar de águas.
E SOFRE DE SAUDADE
IX
Debruça-te sobre a tua casa e a tua mulher
E pergunta no mais fundo de ti, no teu abismo,
Se é maior teu espaço de amor, ou maiores
Que o céu esses rigores, a ti te proibindo
Tua amiga incorporada ao teu próprio destino.
Do máximo e do mínimo e a meu favor
(Não me louvando a mim o raciocínio)
Ressurgiria um conceito didático, exemplar:
De que não cabe medida se se trata
Dessa coisa incontida que é o amor.
O coração amante se dilata. O preconceito?
Um punhado de sal num mar de águas.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA, em Poesia Reunida (1965-1999)
ARTE-FINAL
Não basta um grande amor
para fazer poemas.
E o amor dos artistas, não se enganem,
não é mais belo
que o amor da gente.
O grande amante é aquele que silente
se aplica a escrever com o corpo
o que seu corpo deseja e sente.
Uma coisa é a letra,
e outra o ato,
- quem toma uma por outra
confunde e mente.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
PABLO NERUDA
VEINTE POEMAS DE AMOR Y UNA CANCIÓN DESESPERADA
(1923-1924)
1
Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos,
te pareces al mundo en tu actitud de entrega.
Mi cuerpo de labriego salvaje te socava
y hace saltar el hijo del fondo de la tierra.
Fuí solo como un túnel. De mí huían los pájaros
y en mí la noche entraba su invasión poderosa.
Para sobrevivirme te forjé como un arma,
como una flecha em mi arco, como una piedra en mi honda.
Pero cae la hora de la venganza, y te amo.
Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida y firme.
Ah los vasos del pecho! Ah los ojos de ausencia!
Ah las rosas del pubis! Ah tu voz lenta y triste!
Cuerpo de mujer mía, persistiré en tu gracia.
Mi sed, mi ansia sin límite, mi camino indeciso!
Oscuros cauces donde la sed eterna sigue,
y la fatiga sigue, y el dolor infinito.
(1923-1924)
1
Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos,
te pareces al mundo en tu actitud de entrega.
Mi cuerpo de labriego salvaje te socava
y hace saltar el hijo del fondo de la tierra.
Fuí solo como un túnel. De mí huían los pájaros
y en mí la noche entraba su invasión poderosa.
Para sobrevivirme te forjé como un arma,
como una flecha em mi arco, como una piedra en mi honda.
Pero cae la hora de la venganza, y te amo.
Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida y firme.
Ah los vasos del pecho! Ah los ojos de ausencia!
Ah las rosas del pubis! Ah tu voz lenta y triste!
Cuerpo de mujer mía, persistiré en tu gracia.
Mi sed, mi ansia sin límite, mi camino indeciso!
Oscuros cauces donde la sed eterna sigue,
y la fatiga sigue, y el dolor infinito.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
MARIO BENEDETTI
O SILÊNCIO DO MAR
e o silêncio do mar, e o de sua vida
José Hierro
O silêncio do mar
brama um juízo infinito
mais concentrado que o de um cântaro
mais implacável que duas gotas
quer aproxime o horizonte ou nos entregue
a morte azul das medusas
nossas suspeitas não o deixam
o mar escuta como um surdo
é insensível como um deus
e sobrevive aos sobreviventes
nunca saberei o que espero dele
nem que juras deixa atrás dos meus passos
mas quando esses olhos se fartam de ladrilhos
e esperam entre o plano e as colinas
ou em ruas que se fecham em mais ruas
então sim me sinto um náufrago
e só o mar pode salvar-me
Tradução de Julio Luís Gehlen
e o silêncio do mar, e o de sua vida
José Hierro
O silêncio do mar
brama um juízo infinito
mais concentrado que o de um cântaro
mais implacável que duas gotas
quer aproxime o horizonte ou nos entregue
a morte azul das medusas
nossas suspeitas não o deixam
o mar escuta como um surdo
é insensível como um deus
e sobrevive aos sobreviventes
nunca saberei o que espero dele
nem que juras deixa atrás dos meus passos
mas quando esses olhos se fartam de ladrilhos
e esperam entre o plano e as colinas
ou em ruas que se fecham em mais ruas
então sim me sinto um náufrago
e só o mar pode salvar-me
Tradução de Julio Luís Gehlen
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO, de Hilda Hilst
O poeta inventa viagem, retorno, e sofre de saudade
VII
Essa lua enlutada, esse desassossego
A convulsão de dentro, ilharga
Dentro da solidão, corpo morrendo
Tudo isso te devo. E eram tão vastas
As coisas planejadas, navios,
Muralhas de marfim, palavras largas
Consentimento sempre. E seria dezembro.
Um cavalo de jade sob as águas
Dupla transparência, fio suspenso
Todas essas coisas na ponta dos teus dedos
E tudo se desfez no pórtico do tempo
Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro
Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo
Também isso te devo.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
TERRITÓRIO DAS ARTES
Hoje tem lançamento da coleção MiniBUKS, de vários autores da Território das Artes Editora, e também o relançamento dos livros "Arca Profana" e "Arca de Impurezas".
Os dois últimos, estarei autografando.
Convites abaixo.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
PAULO SEBEN, em "Poemas Podres".
NECROFILIA
Nem morta.
Tu disse que nem morta eu te comia.
Tu tinha nojo.
Tinha nojo de mim porque eu sou coxo.
Eu sou leproso,
eu sou corcunda,
enquanto tua bunda era perfeita.
Tu disse que nem morta eu te comia?
Necrofilia! Necrofilia!
Aqui no cemitério não tem mistério.
Enquanto a tua carne vai ficando podre,
a minha carne podre fica amando a tua.
Nem morta.
Tu disse que nem morta eu te comia.
Tu tinha nojo.
Tinha nojo de mim porque eu sou coxo.
Eu sou leproso,
eu sou corcunda,
enquanto tua bunda era perfeita.
Tu disse que nem morta eu te comia?
Necrofilia! Necrofilia!
Aqui no cemitério não tem mistério.
Enquanto a tua carne vai ficando podre,
a minha carne podre fica amando a tua.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
De DILAN CAMARGO, no livro "A fala de Adão".
ME PEDES
Me pedes, me pedes, que te deite
te enroscas, te esfregas, rente
me pedes, me pedes, indecente
que te crave os dentes
atrás, na frente.
Me medes, me medes, impudente
meu falo na tua mão quente
conduzes ao teu centro
com todos os cuidados
de quem guarda um presente
e quanto mais adentro
mais te encontro, te reinvento
num fluxo bem-querente.
Aniversário Bamboletras e Autógrafos
A Livraria Bamboletras estará comemorando seus 15 anos, juntamente com a Território das Artes Editora. Vou estar lá, com um grupo de autores, autografando "Arca de Impurezas" e "Arca Profana". Convite abaixo, com todas as atrações da noite.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Ana Mariano, em "Olhos de Cadela"
Amor-sinfonia
De que serve um amor só de palavras,
de bonito efeito enquanto é feito
nas trevas, escondido.
Quero amor em sol maior,
sinfonia inteira
e o silêncio que se faz depois,
antes do aplauso.
De que serve um amor só de palavras,
de bonito efeito enquanto é feito
nas trevas, escondido.
Quero amor em sol maior,
sinfonia inteira
e o silêncio que se faz depois,
antes do aplauso.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Fabrício Carpinejar
A crônica do escritor e poeta Carpinejar, hoje, na Zero Hora, "Vai se depilar hoje?" é de uma extrema sensibilidade. Seria maravilhoso se todos os homens e mulheres pensassem assim...
domingo, 21 de novembro de 2010
PAULO LEMINSKI
sábado, 20 de novembro de 2010
Café do Bertoldo
O Fernando Ramos, editor do jornal Vaia, e criador do FestiPoa Literária, me convidou para participar de um sarau hoje, no Café do Bertoldo, na Casa de Teatro, fundada pelos atores Zé Adão Barbosa e Jeffie Lopes.
Vai haver uma comemoração pelo prêmio Projeto Literário que o Fernando recebeu, pelo voto popular, para o FestiPoa, durante a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Parabéns, Fernando!
Vai haver uma comemoração pelo prêmio Projeto Literário que o Fernando recebeu, pelo voto popular, para o FestiPoa, durante a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Parabéns, Fernando!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Coyote
O nº 21 da revista de arte e literatura, Coyote, está sendo lançado. Ela é editada por Marcos Losnak, Ademir Assunção e Rodrigo Garcia Lopes, em Londrina.
Confiram os autores que participam desta edição:
Confiram os autores que participam desta edição:
"Poemas no Ônibus e no Trem"
Participei, recentemente, da escolha dos poemas que estarão nos ônibus e trens de Porto Alegre, em 2011. Os outros componentes do júri foram os poetas Andréia Laimer, Guto Leite, Lorenzo Ribas e Sidnei Schneider. A experiência pela qual passamos, de selecionar 48 poemas de um total de mais de 700, está muito bem contada no blog do Guto: www.gutoleite.blogspot.com
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins
AGENDA CELPCYRO
- 17 de novembro - quarta-feira - 19h às 21h
Palavraria - Rua Vasco da Gama, 165 - Porto Alegre
Tema: CINEMA, LITERATURA E CONDIÇÃO HUMANA
Convidados de Maria Helena Martins:
GUILHERME CASTRO - diretor de cinema, apresentando seu premiado curta-metragem Terra Prometida
Mote: a arte imita a vida ou a vida inspira a arte, por mais absurda e irreal que esta possa parecer?
Entrada franca
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
SARAU LITERÁRIO ZONA SUL NA FEIRA DO LIVRO
Espero lá meus amigos, os amigos de meus amigos, os amigos dos amigos de meus amigos, e assim por diante...
O sarau estará supimpa!!!
O sarau estará supimpa!!!
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
HILDA HILST, novamente.
O POETA INVENTA VIAGEM, RETORNO, E SOFRE
DE SAUDADE
IV
Tenho pedido a Deus, e à lua, ontem
Hoje, a cada noite, PERPETUIDADE
Desde o instante em que me soube tua.
E que o luar e o divino perdoassem
O meu rosto anterior, rosto-menino
Travestido de aroma, despudor contente
De sua brevidade em tudo, nos afetos
No fingido amor
Porque fui tudo isso, bruxa, duende
Desengano e desgosto quase sempre.
Mais nada pedi a Deus. Mas pedi mais
À lua: que tu sofresses tanto quanto eu.
DE SAUDADE
IV
Tenho pedido a Deus, e à lua, ontem
Hoje, a cada noite, PERPETUIDADE
Desde o instante em que me soube tua.
E que o luar e o divino perdoassem
O meu rosto anterior, rosto-menino
Travestido de aroma, despudor contente
De sua brevidade em tudo, nos afetos
No fingido amor
Porque fui tudo isso, bruxa, duende
Desengano e desgosto quase sempre.
Mais nada pedi a Deus. Mas pedi mais
À lua: que tu sofresses tanto quanto eu.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Mais fotos
Mais amigas na Feira do Livro, na sessão de autógrafos do "Arca Profana".
Minha recente e querida amiga Carmen Macedo, que acabou de lançar, juntamente com um grupo de autores, o livro de crônicas "Santa Sede".
E Themis Groisman Lopes, também escritora e poeta, outra das autoras do "Santa Sede".
Aliás, o grupo autografa hoje, dia 08, na Feira do Livro de Porto Alegre, no Memorial do RS, às 18:30hs. Boa sorte!
Minha recente e querida amiga Carmen Macedo, que acabou de lançar, juntamente com um grupo de autores, o livro de crônicas "Santa Sede".
E Themis Groisman Lopes, também escritora e poeta, outra das autoras do "Santa Sede".
Aliás, o grupo autografa hoje, dia 08, na Feira do Livro de Porto Alegre, no Memorial do RS, às 18:30hs. Boa sorte!
sábado, 6 de novembro de 2010
MÃOS FRIAS, de Paulo Hecker Filho
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
MATILHA DE RANCORES, de LUIZ CORONEL
Eu te amo, tu me amas
qual dos dois se odeia mais?
Quando se plantam rancores
em vez de lírios, punhais.
Teu coração é um paiol
de lembranças explosivas,
maré de ressentimentos
carregada de águas-vivas.
Amanheces redimida,
abres o riso e a janela.
De tarde, subitamente,
um recital de mazelas.
Eu te amo, tu me amas
qual dos dois se odeia mais?
Mesmo as mágoas mais antigas
são sempre vivas e atuais.
Exorciza teus demômios.
Aos teus fantasmas despeja.
Lava a alma e os cabelos.
Apaga a luz. E me beija.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
MARIA REZENDE, no livro BENDITA PALAVRA
Tudo em mim que é fêmea procura o seu beijo
o que em mim é sonho cabe no seu jeito
tudo em mim que é fresta quer o seu dedo fundo
e a carne da sua língua
Já estive à míngua e hoje sou deriva
tudo em mim que é terra em você é lampejo
o que agora é seco pode ser desejo e muito mais
o barco que eu navego só aporta no seu cais
Tudo em mim que treme tem seu nome dentro
o furacão que eu sou começa com seu vento
o que me faz bela é o mesmo desalento
que me põe de cama com o menor silêncio
Tudo em mim que arde incendeia a ausência
e vira em cinza esse pressentimento
O que em mim é seu é maior que o tempo
o que em mim é sonho cabe no seu jeito
tudo em mim que é fresta quer o seu dedo fundo
e a carne da sua língua
Já estive à míngua e hoje sou deriva
tudo em mim que é terra em você é lampejo
o que agora é seco pode ser desejo e muito mais
o barco que eu navego só aporta no seu cais
Tudo em mim que treme tem seu nome dentro
o furacão que eu sou começa com seu vento
o que me faz bela é o mesmo desalento
que me põe de cama com o menor silêncio
Tudo em mim que arde incendeia a ausência
e vira em cinza esse pressentimento
O que em mim é seu é maior que o tempo
sábado, 30 de outubro de 2010
SARAU LITERÁRIO ZONA SUL NO YOUTUBE
A artista plástica e poeta Sandra Santos fez um vídeo com alguns momentos do sarau no Porto Poesia, quando recebi Luiz Coronel. Nele, Coronel conta seus famosos "causos", e lemos alguns poemas. Obrigada, Sandra.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO, de Hilda Hilst
O POETA INVENTA VIAGEM, RETORNO,
E SOFRE DE SAUDADE
I
Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.
E SOFRE DE SAUDADE
I
Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
FLERTE
Poema de PAULO SEBEN, no livro "Poemas Podres".
Eu te flagrei me encarando.
Tu tava olhando pra mim.
Não vou sair deste bar.
Eu já tou louco por ti.
Tu não te faz de salame.
Ajoelhou, vai rezar.
Ficar mostrando aliança
não vai me assustar.
Vou dar um pau no teu noivo.
Vou jogar ele na rua.
Vou dar um soco na boca
e dar um beijo na tua.
Eu te flagrei me encarando.
Tu tava olhando pra mim.
Não vou sair deste bar.
Eu já tou louco por ti.
Tu não te faz de salame.
Ajoelhou, vai rezar.
Ficar mostrando aliança
não vai me assustar.
Vou dar um pau no teu noivo.
Vou jogar ele na rua.
Vou dar um soco na boca
e dar um beijo na tua.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
FEIRA DO LIVRO
Lançaremos o livro "ARCA PROFANA", da Território das Artes Editora, no dia 03/11, na 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, pavilhão de autógrafos, às 20:30hs.
Estarei na excelente companhia de Liana Timm (org.), Dione Detânico, Élvio Vargas, Jacob Klintowitz, José Eduardo Degrazia, Lenira Fleck, Luiz Arthur Costa e Tania Mara Galli Fonseca.
Espero todos os meus amigos lá, brindando à literatura.
Estarei na excelente companhia de Liana Timm (org.), Dione Detânico, Élvio Vargas, Jacob Klintowitz, José Eduardo Degrazia, Lenira Fleck, Luiz Arthur Costa e Tania Mara Galli Fonseca.
Espero todos os meus amigos lá, brindando à literatura.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
LUIZ CORONEL
O poeta foi meu convidado no dia 16/10, para a 24ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, no PORTO POESIA.
Dele,
Em tua boca obscenamente linda
Em tua boca obscenamente linda
a língua é serpente, sob as pedras.
Teus lábios beijam as palavras
e quando amas teus dentes mordem como as feras.
Tua boca obscenamente linda
esvai Maria, alucina João.
Tua boca engole espadas, devora tâmaras,
sopra velas, no mar das camas,
delírio que se fez martírio
quando entreabertos lábios disseram: não.
domingo, 17 de outubro de 2010
Último dia do PORTO POESIA 4.
Atividades das 16 às 22h, no Centro Cultural Erico Verissimo.
Estarei lá, com a 25ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, no bar Monjolo, das 20 às 21hs.
Gilberto Wallace, Mario Pirata, Renato de Mattos Motta e eu estaremos mostrando um pouco de nossa produção poética.
Até lá!
Estarei lá, com a 25ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, no bar Monjolo, das 20 às 21hs.
Gilberto Wallace, Mario Pirata, Renato de Mattos Motta e eu estaremos mostrando um pouco de nossa produção poética.
Até lá!
sábado, 16 de outubro de 2010
SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, no PORTO POESIA
Ontem, dia 15, aconteceu a 23ª edição do sarau, com os poetas Alcy Cheuiche e Élvio Vargas, e o músico Celso Campos, do grupo "Os Posteiros".
Um poema de Cheuiche:
O ANGICO
Recorrendo uma picada grande,
No tranquito bueno do tordilho,
Notei, atravessando o velho trilho,
O vulto dum angico secular
Com respeito olhei-o, sobranceiro,
Ultrapassar em porte o mato inteiro
Como num constante vigiar.
Na força da árvore frondosa
Enxerguei seus traços com clareza.
Igual altivez, igual firmeza,
A mesma impressão de segurança
Que desde os tempos de criança
Aprendi, dia a dia, a respeitar.
Meu peito vibrou ao contemplá-lo
E meus lábios pediram um sorriso,
Pois ali, nítido e preciso,
Estava o retrato do meu pai.
De Élvio Vargas:
SEM REPRISE
Quando eu me convoco
alista-se em mim este tempo trêmulo de noites
repassadas
eu não me repriso
sou sempre assim
este elevador sem sobrenome instalado nos prédios de
tua intimidade
sonho nu no rodapé da tua notícia
eu não me repriso
sou sempre assim
este desejo classificado no anúncio dos ventos
o tombadilho de teu último navio ancorado na maresia
do meu olhar
hoje
sou estas pegadas de louça na cristaleira frágil da tua
memória
pandorga cega debruçada nos esconderijos da lua
sou assim
viu!!!
Um poema de Cheuiche:
O ANGICO
Recorrendo uma picada grande,
No tranquito bueno do tordilho,
Notei, atravessando o velho trilho,
O vulto dum angico secular
Com respeito olhei-o, sobranceiro,
Ultrapassar em porte o mato inteiro
Como num constante vigiar.
Na força da árvore frondosa
Enxerguei seus traços com clareza.
Igual altivez, igual firmeza,
A mesma impressão de segurança
Que desde os tempos de criança
Aprendi, dia a dia, a respeitar.
Meu peito vibrou ao contemplá-lo
E meus lábios pediram um sorriso,
Pois ali, nítido e preciso,
Estava o retrato do meu pai.
De Élvio Vargas:
SEM REPRISE
Quando eu me convoco
alista-se em mim este tempo trêmulo de noites
repassadas
eu não me repriso
sou sempre assim
este elevador sem sobrenome instalado nos prédios de
tua intimidade
sonho nu no rodapé da tua notícia
eu não me repriso
sou sempre assim
este desejo classificado no anúncio dos ventos
o tombadilho de teu último navio ancorado na maresia
do meu olhar
hoje
sou estas pegadas de louça na cristaleira frágil da tua
memória
pandorga cega debruçada nos esconderijos da lua
sou assim
viu!!!
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
PAULO ROBERTO DO CARMO
O poeta é meu convidado de hoje no PORTO POESIA, no CEEE, às 19hs.
Um poema inédito de sua autoria:
CALAR
Uma vida que cala
outra que fala,
uma por recompensa
outra por punição.
E este espinho mais fundo
fincado no coração
quando respiro.
Um poema inédito de sua autoria:
CALAR
Uma vida que cala
outra que fala,
uma por recompensa
outra por punição.
E este espinho mais fundo
fincado no coração
quando respiro.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Hoje, o poeta será DILAN CAMARGO.
Vou recebê-lo às 19hs, no CEEE, para a 21ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, dentro do festival PORTO POESIA.
De Dilan, no livro Sopro nos Poros
Os olhos
Os olhos não tocam
provocam.
Os olhos nunca desbotam
teem a cor de cada olhar.
Quando
as águas do amor
em pororoca
no estuário das coxas
se chocam
os olhos
desembocam.
Enquanto
os corpos
se dão botes
os olhos
são holofotes.
Os olhos não tocam
apenas provocam.
De Dilan, no livro Sopro nos Poros
Os olhos
Os olhos não tocam
provocam.
Os olhos nunca desbotam
teem a cor de cada olhar.
Quando
as águas do amor
em pororoca
no estuário das coxas
se chocam
os olhos
desembocam.
Enquanto
os corpos
se dão botes
os olhos
são holofotes.
Os olhos não tocam
apenas provocam.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
PORTO POESIA IV!!!
Será hoje, às 19hs, no Centro Cultural Erico Verissimo, Andradas 1223, meu sarau com SERGIO NAPP, e participação do músico Claudio Vera Cruz.
Autoria de Napp, este poema, que está no livro Das Travessias.
quando saíres de mim
leva os teus castelos
quando saíres de mim
deixa as tuas sombras
quando saíres de mim
leva tuas sedas
os santos barrocos
tuas redes
os emaranhados azuis
teus carretéis
quando saíres de mim
deixa-me
Autoria de Napp, este poema, que está no livro Das Travessias.
quando saíres de mim
leva os teus castelos
quando saíres de mim
deixa as tuas sombras
quando saíres de mim
leva tuas sedas
os santos barrocos
tuas redes
os emaranhados azuis
teus carretéis
quando saíres de mim
deixa-me
domingo, 10 de outubro de 2010
Outro poema de ARMANDO FREITAS FILHO
Do livro Mademoiselle Furta-Cor
Eu avanço, te abocanho,
a cama range, o corpo ruge
vermelho!
vivo num relance as nuances
de um arco-íris de tafetá
ferido no espaço do instante
de seu veloz delírio:
e caço o seu rosto em cada cor
em cada gama
a cada gomo que esmago e engulo
eu te provo, e bebo
as gotas do seu gosto
e mastigo o teu sabor
calcando sob mim
o gesto escancarado
do seu sangue sem som,
mas que, entretanto, em entretons
grita.
Eu avanço, te abocanho,
a cama range, o corpo ruge
vermelho!
vivo num relance as nuances
de um arco-íris de tafetá
ferido no espaço do instante
de seu veloz delírio:
e caço o seu rosto em cada cor
em cada gama
a cada gomo que esmago e engulo
eu te provo, e bebo
as gotas do seu gosto
e mastigo o teu sabor
calcando sob mim
o gesto escancarado
do seu sangue sem som,
mas que, entretanto, em entretons
grita.
sábado, 9 de outubro de 2010
ARMANDO FREITAS FILHO
Do livro Mademoiselle Furta-Cor
No seu corpo, amor, vestido de cetim,
tão sentido como este desejo,
segunda pele que desliza sobre sua nudez,
assim, em carne viva,
à beira do sangue e do colapso
eu me debruço,
álacre, mas minha fome
nem sequer alcança ou arranha
o escudo de esmalte
da sua beleza, não atravessa
seu corpo de cromo
o lacre
escarlate do sexo, o nicho
de verniz e veludo roxo
onde o beijo
da minha boca sonha aninhar-se.
No seu corpo, amor, vestido de cetim,
tão sentido como este desejo,
segunda pele que desliza sobre sua nudez,
assim, em carne viva,
à beira do sangue e do colapso
eu me debruço,
álacre, mas minha fome
nem sequer alcança ou arranha
o escudo de esmalte
da sua beleza, não atravessa
seu corpo de cromo
o lacre
escarlate do sexo, o nicho
de verniz e veludo roxo
onde o beijo
da minha boca sonha aninhar-se.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
www.celpcyro.org.br
Este é o site do Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins, dirigido por Maria Helena Martins. O Celpcyro está cheio de atrações para o mês de outubro. Não deixem de conferir!
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
De DILAN CAMARGO, no livro "A fala de Adão".
Meu convidado para o dia 13/10, no Porto Poesia 4, o poeta Dilan Camargo escreveu:
Mas Me Ame
Sugue meu sangue
deixe que se derrame
mas me ame.
Largue seus marimbondos
mande o enxame
mas me ame.
Peça qualque prova
caminho no arame
mas me ame.
Me aplique golpes marciais
me derrube no tatame
mas me ame.
Exija mais desempenho
teu corpo no meu, reclame
mas me ame.
Desarrume os livros na estante
os meus discos esparrame
mas me ame.
Leia poesia ruim
recite, declame
mas me ame.
Beba meu vinho
esvazie o vasilhame
mas me ame.
Atice os seus cachorros
faça eu passar vexame
mas me ame.
Mas Me Ame
Sugue meu sangue
deixe que se derrame
mas me ame.
Largue seus marimbondos
mande o enxame
mas me ame.
Peça qualque prova
caminho no arame
mas me ame.
Me aplique golpes marciais
me derrube no tatame
mas me ame.
Exija mais desempenho
teu corpo no meu, reclame
mas me ame.
Desarrume os livros na estante
os meus discos esparrame
mas me ame.
Leia poesia ruim
recite, declame
mas me ame.
Beba meu vinho
esvazie o vasilhame
mas me ame.
Atice os seus cachorros
faça eu passar vexame
mas me ame.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Poema de SERGIO NAPP
Esquentando para o Porto Poesia 4, um poema de meu 1º convidado, Sergio Napp, com quem farei sarau no dia 12/10.
é quando me entras
vida e vento
portas adentro
olhos de busca
braços de mar
iluminando
com teu sorriso
móveis e plantas
quadros e salas
que eu me revolvo
me envolvo e me dou
é quando me tomas
flores e pedras
e me consomes
em labaredas
gritos e beijos
ferro em brasa
manso caminho
que eu me liberto
sangro e arranho
sou por inteiro
pequeno animal
é quando me entras
vida e vento
portas adentro
olhos de busca
braços de mar
iluminando
com teu sorriso
móveis e plantas
quadros e salas
que eu me revolvo
me envolvo e me dou
é quando me tomas
flores e pedras
e me consomes
em labaredas
gritos e beijos
ferro em brasa
manso caminho
que eu me liberto
sangro e arranho
sou por inteiro
pequeno animal
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
PORTO POESIA IV!!!
Atenção, atenção, poetas e amantes da poesia em geral!!!
O Porto Poesia IV está chegando aí, repleto de atrações, de 11 a 17 de outubro, com programação a partir das 16hs, até às 22hs, no CEEE.
Estarei lá, com o SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, recebendo os poetas Sergio Napp, Dilan Camargo, Paulo Robeto do Carmo, Élvio Vargas, Alcy Cheuiche e Luiz Coronel. No encerramento, farei um sarau com vários poetas, como Mario Pirata, Gilbeto Wallace, Barreto Poeta, e muitos mais.
Abaixo, convite para o coquetel de abertura, e programação completa.
Apareçam todos. Vamos celebrar a poesia!!!
O Porto Poesia IV está chegando aí, repleto de atrações, de 11 a 17 de outubro, com programação a partir das 16hs, até às 22hs, no CEEE.
Estarei lá, com o SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, recebendo os poetas Sergio Napp, Dilan Camargo, Paulo Robeto do Carmo, Élvio Vargas, Alcy Cheuiche e Luiz Coronel. No encerramento, farei um sarau com vários poetas, como Mario Pirata, Gilbeto Wallace, Barreto Poeta, e muitos mais.
Abaixo, convite para o coquetel de abertura, e programação completa.
Apareçam todos. Vamos celebrar a poesia!!!
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
#VERSIFICADOS
Idealizado pelo poeta brasiliense Antonio Araujo Jr., o #Versificados mostra poesia nos classificados de diversos jornais brasileiros e estrangeiros.
Aqui no sul, a representante é a poeta Laís Chaffe, que coordena as publicações nos classificados do Correio do Povo, de Porto Alegre, uma vez por mês, aos sábados. Já participaram do projeto os jornais Folha de São Paulo, O Dia (RJ), A Tarde (Salvador), Estado de Minas, O Vale (São José dos Campos/SP), El Clarín (Buenos Aires).
No último sábado, dia 18/09, publiquei um pequenino poema nos #Versificados. Aí está:
Talvez
Cristina Macedo
Quem sabe, um dia,
Com você por perto
Eu deixe de uivar na rua
E vire a própria lua.
Aqui no sul, a representante é a poeta Laís Chaffe, que coordena as publicações nos classificados do Correio do Povo, de Porto Alegre, uma vez por mês, aos sábados. Já participaram do projeto os jornais Folha de São Paulo, O Dia (RJ), A Tarde (Salvador), Estado de Minas, O Vale (São José dos Campos/SP), El Clarín (Buenos Aires).
No último sábado, dia 18/09, publiquei um pequenino poema nos #Versificados. Aí está:
Talvez
Cristina Macedo
Quem sabe, um dia,
Com você por perto
Eu deixe de uivar na rua
E vire a própria lua.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
Obrigada!
Quero agradecer a Maria Helena Martins pelo convite para que eu participasse do debate sobre o leitor e o criador. Fiquei feliz de poder compartilhar meus poemas e contos com a platéia que esteve ontem, dia 17/09, na livraria Palavraria. Obrigada a todos!
Nesta bela manhã de sábado, um poema meu:
DESEJO
Na manhã de cores
brancas e azuis
preciso saber, trêmula,
se me queres ainda.
Nada dizes
mas me tomas, calmo,
e nosso desejo
se faz mundo.
Na manhã de cores
brancas e azuis
preciso saber, trêmula,
se me queres ainda.
Nada dizes
mas me tomas, calmo,
e nosso desejo
se faz mundo.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
CONVITE - Estarei batendo papo com Maria Helena Martins e lerei alguns poemas e contos meus.
ENCONTROS SOBRE ARTES, CULTURA E SAÚDE O CELPCYRO e a Palavraria reúnem-se para levar ao conhecimento do público interessado questões que envolvem ARTES, CULTURA E SAÚDE, tendo como objetivo apresentar e discutir relações entre a condição humana, suas possibilidades criativas e leitoras, bem como o reflexo disso na qualidade de vida. P R O G R A M A Ç ÃO _______________ 17 de setembro - sexta-feira - 19h às 21h: Sentidos, emoções e razão na leitura e na criação Convidada: Escritora/tradutora Cristina Macedo
A proposta desse encontro é colocar essa questão em diálogo informal, entre leitores e criadores, com ilustrações de manifestações artísticas (poesia, artes visuais, conto, canção) e prosaicas (notícia, artigo, publicidade). _______________ 13 de outubro - quarta-feira: Humanismo e Saúde Convidado: Dr. Fernando Lejderman - Médico Psiquiatra – UFRGS. Presidente da Sociedade de Psiquiatria do Rio Grande do Sul –APRS (2008-2009). _______________ 17 de novembro - quarta-feira: Perspectivas da relação médico-paciente Convidado: Dr. Ellis Alindo Busnello – Médico Psiquiatra e Psicanalista. Mestre em Saúde Pública e Saúde Mental. Livre Docente da UFRGS. ENTRADA FRANCA Palavraria - Rua Vasco Gama, 165 - Porto Alegre – RS - Fone (51) 3268-4260 Visite o site www.celpcyro.org.br e saiba mais! |
domingo, 12 de setembro de 2010
Poema de Barreto Poeta
Obrigada, Barreto, por este lindo presente de aniversário!
CRIS/ÁLIDA
PARA MINHA QUERIDA AMIGA CRIS
(CRISTINA MACEDO)
A Palavra,
larva,
ao aceitar se fazer
cris/álida,
lavra a metamorfose
do verso,
e se faz
Poesia.
SALVE 19/08/2010!
CRIS/ÁLIDA
PARA MINHA QUERIDA AMIGA CRIS
(CRISTINA MACEDO)
A Palavra,
larva,
ao aceitar se fazer
cris/álida,
lavra a metamorfose
do verso,
e se faz
Poesia.
SALVE 19/08/2010!
sábado, 11 de setembro de 2010
MARIO QUINTANA, em "Rua dos Cataventos & Outros Poemas"
PRESENÇA
Para Lara de Lemos
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
Para Lara de Lemos
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Do livro "Cigarras no Apocalipse", de Bárbara Lia
Sempreviva
aos
Sempremortos:
Rasguem as encíclicas
as leis e as ordens
Mudem o cardápio da alma
A cada manhã
Meio copo de poesia
Panquecas de sol molhadas
Na clave de Fá
Salpicadas do orvalho
De Shangrilá
aos
Sempremortos:
Rasguem as encíclicas
as leis e as ordens
Mudem o cardápio da alma
A cada manhã
Meio copo de poesia
Panquecas de sol molhadas
Na clave de Fá
Salpicadas do orvalho
De Shangrilá
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
O SARAU
O poeta Renato de Mattos Motta registrou alguns momentos da 19ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, que aconteceu ontem, dia 31, com o poeta e músico Ronald Augusto.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Outro poema de RONALD AUGUSTO, do livro "Confissões Aplicadas".
Pesadelo da História
para o mundo não pisar às avessas
o negro que sou inclusive em alma
a custo forçaram a ver navios
apartando-o da selvagem terra
dos inimigos e dos seus de palma
não há como não tosar-lhe o pavio
daí para que tento e estética
troque ele como quem troca casaca
será nada e bom ao senhorio
mau negócio senhor via diversa
(na regra novos fatos) fui com calma
até onde marra bem alto o rio
tornei com dentes mais alvos de serra
talo de arruda na orelha macaca
agora a goela do teu sonho trincho
envoi
pois muitos dormem temendo o escuro
crucifixo ao colo quase absurdo
os que ainda acordam vivos dão graças
semtem-se pagados a flor da raça
para o mundo não pisar às avessas
o negro que sou inclusive em alma
a custo forçaram a ver navios
apartando-o da selvagem terra
dos inimigos e dos seus de palma
não há como não tosar-lhe o pavio
daí para que tento e estética
troque ele como quem troca casaca
será nada e bom ao senhorio
mau negócio senhor via diversa
(na regra novos fatos) fui com calma
até onde marra bem alto o rio
tornei com dentes mais alvos de serra
talo de arruda na orelha macaca
agora a goela do teu sonho trincho
envoi
pois muitos dormem temendo o escuro
crucifixo ao colo quase absurdo
os que ainda acordam vivos dão graças
semtem-se pagados a flor da raça
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
RONALD AUGUSTO
Do livro "No assoalho duro", um dos poemas que Ronald e eu leremos no sarau do dia 31.
8. sonhei comigo sonho sob pórticos
de luz tropical claridade verde
que eu julgava ser o espelho onde esta
face (agora inclinada sobre linhas
toscas de recordação puramente
imaginária) espelho onde esta face
pudesse mirar-se com minuciosa veracidade
sonho de vaidade vácua
que paraíso guardará a menor semelhança
que seja com a cara inexistente que
às vezes afivelo sobre a face para
melhor me desvelar?
8. sonhei comigo sonho sob pórticos
de luz tropical claridade verde
que eu julgava ser o espelho onde esta
face (agora inclinada sobre linhas
toscas de recordação puramente
imaginária) espelho onde esta face
pudesse mirar-se com minuciosa veracidade
sonho de vaidade vácua
que paraíso guardará a menor semelhança
que seja com a cara inexistente que
às vezes afivelo sobre a face para
melhor me desvelar?
terça-feira, 24 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Poema II de "Tristes cantigas de amor", de ANTONIO BOTO
O BRINCO DA TUA ORELHA
O brinco da tua orelha
sempre se vai maneando;
gostava de dar um beijo
onde o teu brinco os vai dando.
Tem um topázio doirado
esse brinco de platina;
um rubi muito encarnado
e uma outra pedra fina.
O que eu sofro quando o vejo
sempre airoso meneando!
Dava tudo por um beijo
onde o teu brinco os vai dando.
O brinco da tua orelha
sempre se vai maneando;
gostava de dar um beijo
onde o teu brinco os vai dando.
Tem um topázio doirado
esse brinco de platina;
um rubi muito encarnado
e uma outra pedra fina.
O que eu sofro quando o vejo
sempre airoso meneando!
Dava tudo por um beijo
onde o teu brinco os vai dando.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
De Sandra Santos,
Rubro em rosa
O beijo da morte
na tua saliva
A lágrima de sangue
do vinho bebido, ainda
A última rosa
a que restou seca
Um parto de dor
a tua partida
O beijo da morte
na tua saliva
A lágrima de sangue
do vinho bebido, ainda
A última rosa
a que restou seca
Um parto de dor
a tua partida
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
MURILO MENDES
Estudo para uma ondina
Esta manhã o mar acumula ao teu pé rosas de areia,
Balançando as conchas de teus quadris.
Ele te chama para as longas navegações:
Tua boca, tuas pernas teu sexo teus olhos escutaram.
Só teus ouvidos é que não escutaram, ondina.
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E um peixe vermelho faz todo o oceano tremer.
Tens quinze anos porque já tens vinte e sete,
Tens um ano apenas...
Agora mesmo nasceste da espuma,
E na incisão do ar líquido alcanças o amor dos elementos.
Esta manhã o mar acumula ao teu pé rosas de areia,
Balançando as conchas de teus quadris.
Ele te chama para as longas navegações:
Tua boca, tuas pernas teu sexo teus olhos escutaram.
Só teus ouvidos é que não escutaram, ondina.
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E um peixe vermelho faz todo o oceano tremer.
Tens quinze anos porque já tens vinte e sete,
Tens um ano apenas...
Agora mesmo nasceste da espuma,
E na incisão do ar líquido alcanças o amor dos elementos.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
PORNOPOPPOCKET, de Paula Taitelbaum
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
SARAU NO NINHO
O sarau no ninho dos Á.G.U.I.A.S. (Amigos Unidos Incentivando as Artes), no último sábado, dia 14, esteve muito bom, apesar da noite gelada, que impediu muita gente de comparecer.
Barreto Poeta, Renato de Mattos Motta (coordenador do sarau) e eu, lemos muita poesia, desde poemas de nossa autoria, até os poetas uruguaios Mario Benedetti e Eduardo Galeano, passando pelos nossos Mario Quintana, Oliveira Silveira, Alexandre Brito, Paulo Hecker Filho e, ainda, Paulo Leminski, Hilda Hilst, etc.
Roberto Jung e Carmelina Castro comandam a casa da Dr. Valle (aliás, os dois também leram poemas), aberta a saraus literários e musicais, exposição de arte, e diferentes e variadas manifestações culturais. Já somos mais de 800 associados. Vida longa aos Á.G.U.I.A.S.!!!
Barreto Poeta, Renato de Mattos Motta (coordenador do sarau) e eu, lemos muita poesia, desde poemas de nossa autoria, até os poetas uruguaios Mario Benedetti e Eduardo Galeano, passando pelos nossos Mario Quintana, Oliveira Silveira, Alexandre Brito, Paulo Hecker Filho e, ainda, Paulo Leminski, Hilda Hilst, etc.
Roberto Jung e Carmelina Castro comandam a casa da Dr. Valle (aliás, os dois também leram poemas), aberta a saraus literários e musicais, exposição de arte, e diferentes e variadas manifestações culturais. Já somos mais de 800 associados. Vida longa aos Á.G.U.I.A.S.!!!
MANOEL DE BARROS
Eras
Antes a gente falava: faz de conta que este sapo é pedra.
E o sapo eras.
Faz de conta que o menino é um tatu.
A gente agora parou de fazer comunhão de pessoas com bicho,
de entes com coisa.
A gente hoje faz imagens.
Tipo assim:
Encostado na porta da tarde
Estava um caramujo.
Estavas um caramujo - disse o menino.
Porque a tarde é oca e não pode ter porta.
A porta eras.
Então é tudo faz de conta como antes?
Antes a gente falava: faz de conta que este sapo é pedra.
E o sapo eras.
Faz de conta que o menino é um tatu.
A gente agora parou de fazer comunhão de pessoas com bicho,
de entes com coisa.
A gente hoje faz imagens.
Tipo assim:
Encostado na porta da tarde
Estava um caramujo.
Estavas um caramujo - disse o menino.
Porque a tarde é oca e não pode ter porta.
A porta eras.
Então é tudo faz de conta como antes?
sábado, 14 de agosto de 2010
DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO, de Hilda Hilst
X
Não é apenas um vago, modulado sentimento
O que me faz cantar enormemente
A memória de nós. É mais. É como um sopro
De fogo, é fraterno e leal, é ardoroso
É como se a despedida se fizesse o gozo
De saber
Que há no teu todo e no meu, um espaço
Oloroso, onde não vive o adeus.
Não é apenas vaidade de querer
Que aos cinquenta
Tua alma e teu corpo se enterneçam
Da graça, da justeza do poema. É mais.
E porisso perdoa todo esse amor de mim
E me perdoa de ti a indiferença.
Não é apenas um vago, modulado sentimento
O que me faz cantar enormemente
A memória de nós. É mais. É como um sopro
De fogo, é fraterno e leal, é ardoroso
É como se a despedida se fizesse o gozo
De saber
Que há no teu todo e no meu, um espaço
Oloroso, onde não vive o adeus.
Não é apenas vaidade de querer
Que aos cinquenta
Tua alma e teu corpo se enterneçam
Da graça, da justeza do poema. É mais.
E porisso perdoa todo esse amor de mim
E me perdoa de ti a indiferença.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO, de Hilda Hilst
VIII
De luas, desatino e aguaceiro
Todas as noites que não foram tuas.
Amigos e meninos de ternura
Intocado meu rosto-pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo exato.
Livra-me de ti. Que eu reconstrua
Meus pequenos amores. A ciência
De me deixar amar
Sem amargura. E que me deem
A enorme incoerência
De desamar, amando. E te lembrando
- Fazedor de desgosto -
Que eu te esqueça.
De luas, desatino e aguaceiro
Todas as noites que não foram tuas.
Amigos e meninos de ternura
Intocado meu rosto-pensamento
Intocado meu corpo e tão mais triste
Sempre à procura do teu corpo exato.
Livra-me de ti. Que eu reconstrua
Meus pequenos amores. A ciência
De me deixar amar
Sem amargura. E que me deem
A enorme incoerência
De desamar, amando. E te lembrando
- Fazedor de desgosto -
Que eu te esqueça.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO, de Hilda Hilst
VI
Sorrio quando penso
Em que lugar da sala
Guardarás o meu verso.
Distanciado
Dos teus livros políticos?
Na primeira gaveta
Mais próxima à janela?
Tu sorris quando lês
Ou te cansas de ver
Tamanha perdição
Amorável centelha
No meu rosto maduro?
E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?
O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
Na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?
Sorrio quando penso
Em que lugar da sala
Guardarás o meu verso.
Distanciado
Dos teus livros políticos?
Na primeira gaveta
Mais próxima à janela?
Tu sorris quando lês
Ou te cansas de ver
Tamanha perdição
Amorável centelha
No meu rosto maduro?
E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?
O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
Na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?
sábado, 7 de agosto de 2010
DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO, de Hilda Hilst
IV
Minha medida? Amor.
E tua boca na minha
Imerecida.
Minha vergonha? O verso
Ardente. E o meu rosto
Reverso de quem sonha.
Meu chamamento? Sagitário
Ao meu lado
Enlaçado ao Touro.
Minha riqueza? Procura
Obstinada, tua presença
Em tudo: julho, agosto
Zodíaco antevisto, página
Ilustrada de revista
Editorial, jornal
Teia cindida.
Em cada canto da Casa
Evidência veemente
Do teu rosto.
Minha medida? Amor.
E tua boca na minha
Imerecida.
Minha vergonha? O verso
Ardente. E o meu rosto
Reverso de quem sonha.
Meu chamamento? Sagitário
Ao meu lado
Enlaçado ao Touro.
Minha riqueza? Procura
Obstinada, tua presença
Em tudo: julho, agosto
Zodíaco antevisto, página
Ilustrada de revista
Editorial, jornal
Teia cindida.
Em cada canto da Casa
Evidência veemente
Do teu rosto.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
DEZ CHAMAMENTOS AO AMIGO, de Hilda Hilst
II
Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora
Há tanto tempo sua própria tessitura.
Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
E transitória se tu me repensas.
Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora
Há tanto tempo sua própria tessitura.
Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
E transitória se tu me repensas.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
JANELA SOBRE UMA MULHER I, de EDUARDO GALEANO.
Essa mulher é uma casa secreta.
Em seus cantos, guarda vozes e esconde fantasmas.
Nas noites de inverno, jorra fumaça.
Quem entra nela, dizem, não sai nunca mais.
Eu atravesso o fosso profundo que a rodeia.
Nessa casa serei habitado.
Nela me espera o vinho que me beberá.
Muito suavemente bato à porta, e espero.
domingo, 1 de agosto de 2010
VII JORNADA CYRO MARTINS
Vejam o site www.celpcyro.org.br para mais informações sobre a jornada. O tema é TRANSTORNO MENTAL E SEXUALIDADE, e vai acontecer nos dias 13 e 14 de agosto, no Novotel Porto Alegre.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Vídeo da 17ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, feito pelo meu filho Gabriel Pereyron.
No youtube, link: http://www.youtube.com/watch?v=-XVN4aDpoZw
Sarau com Adroaldo Bauer,Mario Pirata, Renato de Mattos Motta, e eu. Além de lê-los, li também Élvio Vargas, José Eduardo Degrazia, Marco Celso Huffell Viola, Sérgio Napp, entre outros poetas.
Espiem lá!
Sarau com Adroaldo Bauer,Mario Pirata, Renato de Mattos Motta, e eu. Além de lê-los, li também Élvio Vargas, José Eduardo Degrazia, Marco Celso Huffell Viola, Sérgio Napp, entre outros poetas.
Espiem lá!
Primeiras fotos do sarau
Mais SARAU LITERÁRIO ZONA SUL
No blog do jornalista, escritor e poeta Adroaldo Bauer, mais notícias do sarau:
http://retornoimperfeito.blogspot.com/index.html#192401606721630665.
Valeu, Adroaldo!
http://retornoimperfeito.blogspot.com/index.html#192401606721630665.
Valeu, Adroaldo!
quinta-feira, 29 de julho de 2010
A 18ª EDIÇÃO!!!
Fiquei muuuuito feliz com o sarau da última terça-feira, quando o Iaiá Bistrô, da Daniela Craidy, ficou completamente lotado para a 18ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL.
Meu convidado foi o compositor e publicitário Wanderlei Falkenberg, voltando aos pagos e, consequentemente, à música gaúcha, e proporcionando agradáveis momentos aos presentes, com suas belas composições. Estiveram lá o compositor e poeta João Palmeiro, responsável por algumas das músicas mais bonitas produzidas por aqui, e um dos pioneiros da bossa-nova em Porto Alegre; Toneco da Costa, também compositor e violonista de nível internacional, parceiro de Wanderlei em várias canções; José Guimarães, o "Zequinha da Guanabara", que toca um lindo violão, compositor e igualmente pioneiro da bossa-nova; Celso Marques, compositor e letrista, muito ligado às questões ambientalistas.
Entre os poetas presentes, estavam Liana Timm, Paulo Roberto do Carmo, Sidnei Schneider (de quem li um poema), Mario Pirata, Barreto Poeta e Adroaldo Bauer.
Agradeço a presença de todos, e logo logo estarei colocando fotos do sarau aqui em meu blog. Por enquanto, uma foto de Wanderlei Falkenberg no Iaiá Bistrô, feita pela Dani Craidy.
Meu convidado foi o compositor e publicitário Wanderlei Falkenberg, voltando aos pagos e, consequentemente, à música gaúcha, e proporcionando agradáveis momentos aos presentes, com suas belas composições. Estiveram lá o compositor e poeta João Palmeiro, responsável por algumas das músicas mais bonitas produzidas por aqui, e um dos pioneiros da bossa-nova em Porto Alegre; Toneco da Costa, também compositor e violonista de nível internacional, parceiro de Wanderlei em várias canções; José Guimarães, o "Zequinha da Guanabara", que toca um lindo violão, compositor e igualmente pioneiro da bossa-nova; Celso Marques, compositor e letrista, muito ligado às questões ambientalistas.
Entre os poetas presentes, estavam Liana Timm, Paulo Roberto do Carmo, Sidnei Schneider (de quem li um poema), Mario Pirata, Barreto Poeta e Adroaldo Bauer.
Agradeço a presença de todos, e logo logo estarei colocando fotos do sarau aqui em meu blog. Por enquanto, uma foto de Wanderlei Falkenberg no Iaiá Bistrô, feita pela Dani Craidy.
terça-feira, 27 de julho de 2010
sábado, 24 de julho de 2010
UMBIGODOLAGO.BLOGSPOT.COM
Esse é o blog do poeta, contista e tradutor gaúcho Sidnei Schneider.
Vale a pena uma visita.
Em sua última postagem, comenta a 18ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, quando lerei um dos poemas de seu livro "Quichiligangues"(Editora Dahmer, 2008), em diálogo com as letras do compositor Wanderlei Falkenberg.
De Sidnei, mas não o que vou ler no sarau,
ÉSQUILO DE ELÊUSIS
Estou sentado na ágora
de uma rota biblioteca
onde crocita um celular.
Move-se a voz do lido
rumo à quarta dimensão.
Um ponto se move: linha,
uma linha se move: plano,
um plano se move: volume,
um volume se move: eu,
egresso do meu tempo,
interpelo um grego com
o olhar.
Vale a pena uma visita.
Em sua última postagem, comenta a 18ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, quando lerei um dos poemas de seu livro "Quichiligangues"(Editora Dahmer, 2008), em diálogo com as letras do compositor Wanderlei Falkenberg.
De Sidnei, mas não o que vou ler no sarau,
ÉSQUILO DE ELÊUSIS
Estou sentado na ágora
de uma rota biblioteca
onde crocita um celular.
Move-se a voz do lido
rumo à quarta dimensão.
Um ponto se move: linha,
uma linha se move: plano,
um plano se move: volume,
um volume se move: eu,
egresso do meu tempo,
interpelo um grego com
o olhar.
terça-feira, 20 de julho de 2010
SARAU LITERÁRIO ZONA SUL - CONVITE 18º EDIÇÃO
WANDERLEI FALKENBERG vai tocar/cantar "Canto do Encontro",
3ª colocada no I FESTIVAL UNIVERSITÁRIO DA MÚSICA POPULAR
BRASILEIRA, promovido pela Faculdade de Arquitetuta da UFRGS, em
1968, " Cais Alegre", sua parceria com Luiz Santana, "Dama", parceria
com Toneco da Costa, "Esquina Maldita", sua e de Giba-Giba, entre
várias outras composições.
Lerei, para dialogar com as letras de Wanderlei, ADEMIR ASSUNÇÃO,
EDUARDO GALEANO, MANOEL DE BARROS, MARIO BENEDETTI,
MARIO QUNTANA, PAULO HECKER FILHO, PAULO LEMINSKI,
SÉRGIO NAPP, SIDNEI SCHNEIDER e VINÍCIUS DE MORAES.
Espero que vocês apareçam por lá, porque vai ser realmente muito
bacana!
O IAIÁ BISTRÔ, de Daniela Craidy, continua charmoso e delicioso!
Até lá!
domingo, 18 de julho de 2010
Preparem-se para a 18ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL.
Vai acontecer no dia 27/07, quando receberei o compositor WANDERLEI FALKENBERG para um 'ENCONTRO POÉTICO-MUSICAL", às 19:30hs, no Iaiá Bistrô.
Wanderlei vai mostrar, em voz e violão, várias de suas composições que foram sucesso e receberam diversos prêmios a partir de 1968. Naquele ano, teve duas músicas classificadas entre as finalistas do I Festival Universitário da Música Popular Brasileira, promovido pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS.E vários outros prêmios se seguiram. "Lugarejo", em parceria com GibaGiba, é uma das músicas muito aplaudidas e executadas desse músico que, depois de mais de 30 anos fora do estado, está retornando a Porto Alegre e irá, certamente, participar do movimento atual da música gaúcha.
Vou tentar dialogar com a música de Wanderlei, através dos poemas de Mario Quintana, Sergio Napp, Eduardo Galeano, Manoel de Barros, Vinícius de Moraes, Mario Benedetti, entre outros.
Aguardem o convite oficial!!!
Wanderlei vai mostrar, em voz e violão, várias de suas composições que foram sucesso e receberam diversos prêmios a partir de 1968. Naquele ano, teve duas músicas classificadas entre as finalistas do I Festival Universitário da Música Popular Brasileira, promovido pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS.E vários outros prêmios se seguiram. "Lugarejo", em parceria com GibaGiba, é uma das músicas muito aplaudidas e executadas desse músico que, depois de mais de 30 anos fora do estado, está retornando a Porto Alegre e irá, certamente, participar do movimento atual da música gaúcha.
Vou tentar dialogar com a música de Wanderlei, através dos poemas de Mario Quintana, Sergio Napp, Eduardo Galeano, Manoel de Barros, Vinícius de Moraes, Mario Benedetti, entre outros.
Aguardem o convite oficial!!!
quinta-feira, 15 de julho de 2010
AUTÓGRAFOS
Estarei autografando os dois livros acima, na FEIRA DO LIVRO DE GRAMADO, XVI EDIÇÃO, sábado, dia 17/07, na Rua Coberta.
"Ariel" é minha tradução, juntamente com Rodrigo Garcia Lopes, do que é considerado o melhor livro de poemas de Sylvia Plath, poeta norte-americana. A edição é bilíngue e restaurada, com os manuscritos originais. Verus Editora, Campinas, 2007.
"Arca de Impurezas" é uma coletânea de ensaios de um grupo de escritores da Território das Artes Editora, Porto Alegre, 2008. No livro, tenho contos e Liana Timm, que também estará autografando, tem poemas.
Liana vai autografar, ainda, "Água Passante", seu mais recente livro de poemas.
Minha participação será através do grupo ÁGUIAS, AMIGOS UNIDOS INCENTIVANDO AS ARTES.
Programação:
15 hs, sessão de autógrafos de "Ariel".
16 hs, sessão de autógrafos de "Arca de Impurezas".
17 hs, lançamento das antologias do grupo ÁGUIAS, 2009 e 2010.
18 hs, sarau literário com o grupo ÁGUIAS, em seu stand, do qual também vou participar.
Abaixo, logo dos ÁGUIAS.
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