segunda-feira, 1 de novembro de 2010

MARIA REZENDE, no livro BENDITA PALAVRA

Tudo em mim que é fêmea procura o seu beijo
o que em mim é sonho cabe no seu jeito
tudo em mim que é fresta quer o seu dedo fundo
e a carne da sua língua

Já estive à míngua e hoje sou deriva
tudo em mim que é terra em você é lampejo
o que agora é seco pode ser desejo e muito mais
o barco que eu navego só aporta no seu cais

Tudo em mim que treme tem seu nome dentro
o furacão que eu sou começa com seu vento
o que me faz bela é o mesmo desalento
que me põe de cama com o menor silêncio

Tudo em mim que arde incendeia a ausência
e vira em cinza esse pressentimento

O que em mim é seu é maior que o tempo

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