sábado, 31 de maio de 2014

Florbela Espanca (1894-1930)


Passeio ao campo

Meu Amor! Meu Amante! Meu Amigo!
Colhe a hora que passa, hora divina.
Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo!
Sinto-me alegre e forte! Sou menina!

Eu tenho, Amor, a cinta esbelta e fina...
Pele doirada de alabastro antigo...
Frágeis mãos de madona florentina...
- Vamos correr e rir por entre o trigo!

Há rendas de gramíneas pelos montes...
Papoilas rubras nos trigais maduros...
Água azulada a cintilar nas fontes...

E à volta, Amor...tornemos, nas alfombras
Dos caminhos selvagens e escuros,
Num astro só as nossas duas sombras...

                                                          (Charneca em Flor - 1930)


sábado, 17 de maio de 2014

Poesia!

 

Na última quinta-feira, dia 15, aconteceu a 44ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, num evento diferente: Malu Macedo, Adriana Neves e eu unimos MODA, FOTOGRAFIA E POESIA.

 

Meu convidado para o sarau foi o poeta Dilan Camargo e, com seus poemas, homenageamos a mulher, tema dessa edição.

 

Dois poemas de Dilan, do livro  A FALA DE ADÃO (Editora Mercado Aberto, 2000).

 

MILAGRES DE AMOR

Podem ser olho que lume
chama de vela eterna
beijo depois do queixume
a carícia que se alterna.

Podem ser esse perfume
de líquidos e de esperma
rumor de amor em cardume
movendo o moinho das pernas.


ESSAS MULHERES

Me agradam
essas mulheres de rostos fortes
com seus olhos desmedidos
e suas frontes talhadas
pelo espanto da raça.

Sim, me agradam essas mulheres
quando flertam
e soltam labaredas de dragões
quando falam
e pronunciam melodias cheias de segredos.

Me encanta o enigma
de onde nascem todas as manhãs.


O poeta Dilan Camargo e eu

sábado, 3 de maio de 2014

Rodrigo Garcia Lopes em Porto Alegre.




Rodrigo Garcia Lopes, paranaense de Londrina, é poeta, compositor e tradutor. Meu parceiro na tradução de ARIEL, de Sylvia Plath. (Editora Verus, 2007).

CANÇÕES DO ESTÚDIO REALIDADE é seu 2º cd.



quinta-feira, 1 de maio de 2014

SARAU LITERÁRIO ZONA SUL


Muito boa a 43ª edição do sarau! Bastante bate-papo com os poetas convidados, Paulo Roberto do Carmo e Sergio Napp e, mais do que tudo, leitura de seus poemas.

 

O público comentou do interessante contraponto que uma poesia fez à outra. Também achei.

Eu, feliz da vida, ladeada pelos poetas Paulo Roberto do Carmo e Sergio Napp
 
 
O público no sarau


 

Escolhi um poema de cada poeta, entre os muitos que foram lidos durante o sarau:


RUFAR TAMBORES (do livro ARTE DE OUTRAR-SE, Paulo Roberto do Carmo,  Território das Artes Editora, 2011)


Nos extremos da humilhação
nada há de mais consolador
que as lágrimas derramadas,
os gritos proferidos do coração.

Depois, a desobediência a rufar
tambores, o revide, o ajuste de contas
a lancear a consciência do aviltador
e o perdão a convidar para o chá


Poema de Sergio Napp (do livro DAS TRAVESSIAS, WS editor, 2009)

XVII

diante do amor
me calo

de silêncios alimenta-se o amor
em suas viagens

canções de vento na floresta
discreto voo de garça
crepitar de fogo na lareira

diante do amor
não falo


 

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