terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ainda e mais uma vez, Pablo Neruda!

 
 
 
 

VEINTE POEMAS DE AMOR Y UNA CANCIÓN DESESPERADA (1923-1924)


15

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que um beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palavra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa em arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle com el silencio tuyo.

Déjame que te hable también com tu silencio
claro como uma lámpara, simple como um anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrela, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palavra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

CECÍLIA MEIRELES!


 
 

Do livro VAGA MÚSICA (1942):


CANÇÃO EXCÊNTRICA

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço
- do que faço, arrependida.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Paula Taitelbaum!





Do livro PORNOPOPPOCKET (L&PM, 2004):


Débil, fértil, febril
é assim que ela existe
inexata e incoerente
com o corpo latente
a mente letárgica
e os movimentos ilícitos.


A melhor trepada
nem é a que
rasga a blusa
tem lambuzo
faz gritar.
A melhor trepada
é quando ele
me penetra
com o olhar.


Há um gemido cravado
um sussurro entalado
um suspiro parado
entre os grandes
lábios
calados.

domingo, 3 de agosto de 2014

Ana Cristina Cesar!


INÉDITOS E DISPERSOS (1985)
 Poesia/Prosa


ciúmes

Tenho ciúmes deste cigarro que você fuma
Tão distraidamente.  (abril/68)

 

visita

olhos por olhos 
um copo, uma gota dágua
atrás deste flaflu
        desta caixinha de música
        desta bala de goma

teu gosto, tua cor, teu som, teu meu     (15.6.69)

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