domingo, 31 de março de 2013

Sarau Literário Zona Sul dia 26/03/2013, no Iaiá Bistrô!


Foi um sucesso a 38ª edição do sarau, modéstia à parte! Casa cheia (faltou lugar no salão principal), poesia de alta qualidade de Cecília Meireles, lida por Liana Timm, Flora Figueiredo, por Lota Moncada, Hilda Hilst, lida por mim, e Marina Colasanti, por Berenice Sica Lamas. Os convidados foram unânimes em ressaltar a bela e equilibrada seleção de poemas. Na abertura do sarau, fiz uma homenagem aos jovens mortos na tragédia de Santa Maria, através do poema KISS, de Élvio Vargas (já postado aqui no blog) que, como falei lá, foi um dos textos de maior sensibilidade que li sobre o incêndio. Fazendo "gancho" com o episódio, Berenice relembrou do incêndio de Nova York, no séc.XIX, que acabou dando origem ao Dia Internacional da Mulher. 

Depois disso, fomos à leitura dos poemas, entremeada com um pouco de bate-papo, onde cada poeta explicou o porquê de sua escolha da poeta homenageada.

Eu, se me perguntassem, diria da minha escolha de Hilda Hilst, pelo arrebatamento de sua poesia, pelo erotismo e intensidade que seus versos revelam. É das poesias que mais gosto de ler!

Pra não perder o hábito, poema de Hilda do livro DO DESEJO:

V

Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por que? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.



Berenice Sica Lamas, Lota Moncada, eu e Liana Timm no sarau


Nós 4 ao fundo, Berenice lendo e o público no sarau


terça-feira, 26 de março de 2013

segunda-feira, 25 de março de 2013

SARAU LITERÁRIO ZONA SUL!


Aperitivo para o sarau de amanhã, no Iaiá Bistrô.

Poema de Hilda Hilst, no livro JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO:


II


Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.
E eu te direi que o nosso tempo é agora.
Esplêndida avidez, vasta ventura
Porque é mais vasto o sonho que elabora

Há tanto tempo sua própria tessitura.

Ama-me. Embora eu te pareça
Demasiado intensa. E de aspereza.
E transitória se tu me repensas.

sexta-feira, 22 de março de 2013

quarta-feira, 20 de março de 2013



O Celpcyro - Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins - estará promovendo o evento CUIDANDO DO CUIDADOR, dia 20 de abril, no Santander Cultural. A coordenação do evento é de Maria Helena Martins e eu estou muito honrada em fazer parte desse belo encontro, com a leitura de meu conto DESPERTAR DEPOIS, que servirá como referência para as participações de vários convidados (programação completa abaixo). Outra referência será o filme OS INTOCÁVEIS; estarei em belíssima companhia!

Inscrevam-se (evento gratuito) e participem. Vai valer a pena!  



PROGRAMAÇÃO

10h - Abertura - Maria Helena Martins
                              - Diretora de Cultura, Humanidades e Literatura do CELPCYRO
10h.15 - 10h30 - Leitura do conto "Despertar Depois", pela autora, Cristina Macedo
10h30 - 10h45 - Leitura individual pela plateia e reflexão sobre o texto
10h 45 - 11h00 - Michele Valent - Psiquiatra
11h00 -11h15   -Liciane da Silva Costa  - Enfermeira -Docente no IPA, Preceptora de Enfermagem (UFRGS) 
11h15 - 11h30 - Daniele Stein - Educadora Física/Cuidadora
11h30 - 12h00 - Troca de idéias entre os participantes da mesa e respostas a perguntas ao
público presente
Coordenadora: Betina Mariante Cardoso - Psiquiatra - Diretora da Casa Editorial Luminara -       
Colaboradora do CELPCYRO
Intervalo
14h00 -Apresentação de sequências do filme Intocáveis e sua discussão 
16h00 - 16h15 - Marilice Costi - Diretora da Revista O Cuidador
16h15 - 16h30 - Naira Cunha - enfermeira - UTI do Hospital das Clínicas de Porto Alegre
16h30 - 16h45 - Cláudio Meneghello Martins - Psiquiatra - Presidente do CELPCYRO
16h45 - 17h00 - Troca de ideias entre os participantes da mesa e respostas a perguntas ao
público presente
Coordenadora: Madeleine Scop Medeiros - Psiquiatra - Coordenadora de Humanismo Médico
do CELPCYRO e Preceptora PRM Psiquiatria no UFCSPA do Hospital Materno Infantil 
Presidente Vargas
Sorteio de livros e da Revista O CUIDADOR
Encerramento
Coordenação Geral: Maria Helena Martins


INSCREVA-SE JÁ


O CELPCYRO , no âmbito do Humanismo Médico  incentivado por Cyro Martins, realizará esse evento  para expor e discutir uma função cuja importância se reconhece, mas pouco se revela a seu respeito. Serão apresentadas perspectivas  de profissionais da área da saúde e de cuidadores.  As comunicações dos convidados terão como referenciais básicos o conto "Despertar Depois", da escritora Cristina Macedo, e o filme Intocáveis.
20 de abril - Santander Cultural - Porto Alegre - Rua Sete de Setembro, 1028 - Praça da Alfândega
Público-alvo: profissionais e estudantes da área da saúde e público em geral.

terça-feira, 19 de março de 2013

SARAU LITERÁRIO ZONA SUL!


O sarau retorna com força total, homenageando as mulheres!!!

Berenice Sica Lamas vai ler poemas de Marina Colasanti; Liana Timm, de Cecília Meireles, Lota Moncada lerá Flora Figueiredo e eu lerei poemas de Hilda Hilst.

Vai ser um sarau excelente, tenho certeza!

Espero todos os meus amigos no Iaiá Bistrô!





sexta-feira, 15 de março de 2013

Mario Quintana!





DA MODERAÇÃO

Cuidado! Muito cuidado...
Mesmo no bom caminho urge medida e jeito,
Pois ninguém se parece tanto a um celerado
Como um santo perfeito...



DA CALÚNIA

Sorri com tranquilidade
Quando alguém te calunia.
Quem sabe o que não seria
Se ele dissesse a verdade...



DA OBSERVAÇÃO

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

quinta-feira, 14 de março de 2013

quarta-feira, 13 de março de 2013

Daniela Damaris!


Do livro CAIS DE CÍTARA, Editora Pradense, 2011,


papiros

queria sorrir-te tardes
que seguem tranquilas
no caos desses dias

A poeta Daniela Damaris
trazer-te o perfume das flores
de frutas secas e doces
veludo ouro dos vinhos

dispor-te lençóis e organzas
em noites de ânsia que esperam
o rubro denso dos tintos

os lábios de mangas maduras
o toque negro dos pelos
nas horas que tecem papiros



terça-feira, 12 de março de 2013

Saramago!


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sábado, 9 de março de 2013

sexta-feira, 8 de março de 2013

Armindo Trevisan!


POESIAS ESCOLHIDAS, Editora Pradense, 2011.


ELA SE DESPE

Ela se despe rindo. Sua roupa
cai sobre a areia, como sons fugindo
de um oboé que alguém, de noite, sopra.
Semi-eriçado, o corpo dela, abrindo
as coxas à garupa azul do mar,
me obriga dentro dele a respirar.




ÀS VEZES

Às vezes te compara a uma maçã
acariciada por um vão reflexo.
Ele te vê imóvel, de manhã.
Outras vezes, o bosque de teu sexo
o faz pensar num vaso Song, da China.
E és mais imóvel. Tua cintura fina
transporta-o para junto dos bambus.
Que importa que lhe lembres uma ave
se o teu torso, que já conhece nu,
a nada se assemelha? Ou és uma ave,
que esconde o voo nas asas, e sozinha
flutuas até mesmo na cozinha?

quinta-feira, 7 de março de 2013

Antonio Boto (1902-1959)


O brinco da tua orelha
sempre se vai meneando;
gostava de dar um beijo
onde o teu brinco os vai dando.
Tem um topázio doirado
esse brinco de platina;
um rubi muito encarnado
e uma outra pedra fina.
O que eu sofro quando o vejo
sempre airoso meneando!
Dava tudo por um beijo
onde o teu brinco os vai dando.


                                                                   Poema II de Tristes cantigas de amor.

quarta-feira, 6 de março de 2013

O eterno Vinicius de Moraes!


SONETO DE DEVOÇÃO

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
 guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! - uma cadela
Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!


                                                                                                                 Rio, 1937

terça-feira, 5 de março de 2013

Semana dedicada à mulher!


Em homenagem ao Dia da Mulher, 8 de março, vou postar de hoje até sexta um poema que fale da mulher, seja eroticamente, seja liricamente.

Iniciando a seleção, o grande Carlos Drummond de Andrade, no livro O AMOR NATURAL.



TENHO SAUDADES DE UMA DAMA


Tenho saudades de uma dama
como jamais houve na cama
outra igual, e mais terna amante.

Não era sequer provocante.
Provocada, como reagia!
São palavras só: quente, fria.

No banheiro nos enroscávamos.
Eram flamas no preto favo,
um guaiar, um matar-morrer.

Tenho saudades de uma dama
que me passeava na medula
e atomizava os pés da cama.

                                                      

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