sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

THEODEMIRO TOSTES (1903-1986)



BOCA

Purpúrea boca, lúbrica e purpúrea,
onde o sorriso é um pálido lampejo,
taça em que ferve o vinho da luxúria,
flor que se esquiva à abelha do meu beijo...

Eu sinto em ti o eterno anseio, a fúria
de prazeres eróticos, eu vejo
na tua curva lúbrica e purpúrea
toda a tortura lenta do desejo.

Eu vejo a angústia do faminto
nas contorções da fome, e sinto
a longa história do suplício teu...

Gemidos, ânsias incontidas,
frases de amor não proferidas,
beijos ardentes que ninguém colheu...




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