quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sarau na CCMQ


Muito bom o sarau de ontem, dia 30, celebrando o aniversário de Mario Quintana. Toda a programação dos dias 30, 31 e 1º são uma parceria da Casa de Cultura Mario Quintana e da FestiPoa Literária (Fernando Ramos).

Houve bate-papo, contação de famosas historinhas e piadas de Quintana, e muita leitura de poemas.


Registro em fotos:


Alguns dos participantes do sarau: Cris Cubas, Nanni Rios, Diego Petrarca, eu e Walney Costa

Outro poema do Quintana!!!


O VELHO POETA

Velho? Mas como?! Se ele nasceu na manhã de hoje...
Não sabe o que fazer do mundo,
Das suas mãos,
De si mesmo,
Do seu sempre primeiro e penúltimo amor...
E - quem diria? - o que ele mais teme na vida
                                   é o seu próximo poema!
Porque está sempre perigando sair tão
                                         comovedoramente ruinzinho
Como os primeiros poemas que ele escreveu menino...

terça-feira, 30 de julho de 2013

Mario Quintana!


O poeta alegretense estaria hoje, 30 de julho de 2013, completando 107 anos de vida!!!

A Casa de Cultura Mario Quintana e a  FestiPoa Literária, de Fernando Ramos, estão oferecendo uma série de atrações para celebrar a data, entre elas oficinas, leituras, palestras.

Hoje à noite, às 21hs, vai acontecer um sarau com leitura de poemas de Quintana. Estarei participando, juntamente com outros poetas, escritores, atores, entre eles Andreia Laimer e Diego Petrarca.

Poema de Mario Quintana, do livro PREPARATIVOS DE VIAGEM,  de 1987,

O ÚLTIMO POEMA

Enquanto me davam a extrema-unção,
Eu estava distraído...
Ah, essa mania incorrigível de estar
                                pensando sempre noutra coisa!

Aliás, tudo é sempre outra coisa
- segredo da poesia -
E, enquanto a voz do padre zumbia como um besouro,
Eu pensava era nos meus primeiros sapatos
Que continuavam andando, que continuam andando,
Até hoje,
Pelos caminhos deste mundo. 




sábado, 27 de julho de 2013

Idea Vilariño!


Da poeta uruguaia, em seu livro NOCTURNOS (1951),

Y SEGUIRÁ SIN MÍ

Y seguirá sin mí este mundo mago
?este mundo podrido?
Tanto árbol que planté
cosas que dije
y versos que escribí en la madrugada
y andarán por ahí como basura
como restos de un alma
de alguién que estuvo aquí
y ya no más
no más.
Lo triste lo peor fue haber vivido
como si eso importara
vivido como un pobre adolescente
que tropezó y cayó y no supo
y lloró y se quejó
y todo lo demás
y creyó que importaba.


TODO ES MUY SIMPLE

Todo es muy simple mucho
más simple y sin embargo
aun así hay momentos
en que es demasiado para mí
en que no entiendo
y no sé si reírme a carcajadas
o si llorar de miedo
o estarme aquí sin llanto
sin risas
en silencio
asumiendo mi vida
mi tránsito
mi tiempo.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Maiakóvski


EU

Nas calçadas pisadas
            de minha alma
   passadas de loucos estalam
calcâneos de frases ásperas
        Onde
                forcas
             esganam cidades
e em nós de nuvens coagulam
          pescoços de torres
   oblíquas

   soluçando eu avanço por vias que se encruz-
                                                                      ilham
à vista
de cruci-
fixos

        polícias                 


                             (Tradução de Haroldo de Campos)

                          

terça-feira, 16 de julho de 2013

Luiz-Olyntho!


O psicanalista e escritor Luiz-Olyntho Telles da Silva, que já havia publicado, em 2009, o livro de contos INCIDENTES EM UM ANO BISSEXTO, lançou, há alguns meses, UM ELEFANTE EM ALBANY STREET (HCE Editora, Porto Alegre, 2012), onde analisa, com olhar original e erudito, várias obras literárias, desde a ODISSEIA, de Homero, o conto O ALIENISTA, de Machado de Assis, MÚSICA PERDIDA, de Assis Brasil, O SENHOR EMBAIXADOR, de Erico Verissimo, OLHOS DE CADELA, de Ana Mariano (Poesia), entre muitas outras (são dezoito obras analisadas). Recomendo a leitura!

Pois Luiz-Olyntho participou do 40º Sarau Literário Zona Sul, no último dia 25 de junho, lendo um excerto da DIVINA COMÉDIA, de Dante. 


Abaixo, poema de sua autoria,


A GRAÇA DA GARÇA

                                         Luiz-Olyntho Telles da Silva


A Garça,
as asas distendidas em sua envergadura maior,
fascinada pela placidez do lago,
pousa.

O Lago,
levemente agitado, logo se acalma e,
acordado pela Garça,
nefelibata, fica a admirar as irreconciliáveis cores do céu.




domingo, 14 de julho de 2013

Napp!


O grande Sergio Napp também participou da 40ª edição do Sarau Literário Zona Sul, dia 25 de junho passado. Dele, dois poemas inéditos:




chovia tanto
que foi necessário
recolher o carro ao acostamento

cobertos pela chuva
ficamos
olhando para o que não se via

 eu me masturbei
pensando na mulher mais linda que eu conhecia

foram as horas mais loucas
e desesperadas da vida
e eu respondi a elas
com a sofreguidão da juventude

quando a chuva passou
eu era um velho

se alguém parasse por ali
e perguntasse se eu precisava de algo
eu responderia
amor

mas ninguém parou



 
quando chegares
todas as portas e janelas
estarão abertas

um sol enlouquecido
iluminará as paredes da casa

 
 estarei pronto
a barba feita
as unhas aparadas

estarei tonto
um riso decomposto

pelo espanto

pássaros perderão a voz
e voarão inquietos

só o beija-flor
se abrirá em lírios

quando chegares
estarei menino
a provar que não minto

estarei mudo
sem saber dizer
o que sinto



 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

CELPCYRO

  •  
  • O boletim CELPCYRO - Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins traz nota sobre a 40ª edição de meu sarau, escrita por Maria Helena Martins, criadora do CelpCyro, escritora e doutora em Literatura Comparada:
  •  
  • A escritora Cristina Macedo, amiga e colaboradora do CELPCYRO, comemorou a realização de seu 40o  SARAU LITERÁRIO ZONA SUL com seus admiradores. Confirma-se a significação desse evento literário e artístico no cenário cultural portoalegrense como centro de reunião e divulgação de nossos artistas da palavra e de seus leitores. No embalo da presença vívida de Cristina e de seus convidados, se reafirma o prazer da leitura compartilhada, revelam-se talentos, reencontram-se autores, numa atmosfera sempre acolhedora. E ainda se tem o desdobramento desses momentos em seu blog. Parabéns, Cristina! (MHM).
  • Obrigada, Maria Helena!

  • Vale a pena uma visita ao site do CELPCYRO, para notícias de eventos sobre saúde mental e literatura.
     

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quarta, 10/07!


Sarau do grupo Gente de Palavra, capitaneado por Renato de Mattos Motta e Michelle Hernandes, em homenagem ao poeta Barreto!


domingo, 7 de julho de 2013

Outro poema!

 
 A poeta Marizélia Finger também participou da 40ª edição do Sarau Literário Zona Sul, dia 25 de junho passado. 
 
Abaixo, seu poema,
 
 
 
Serena e Turva 

Como um lago profundo
cortando o verde do campo
em manhã de primavera
tenho a superfície serena

mas quando sopra o vento
a água toda se turva
cria ondas – fica escura
parece oceano em fúria

depois da ventania
tudo quieto novamente
no lago transformações

escondidas em seu leito
surgem novas sementes
que emergem com as estações.

sábado, 6 de julho de 2013

Mais um poema do sarau!


A advogada, escritora e poeta Virgínia Helena Vianna Rocha participou da 40ª edição do Sarau Literário Zona Sul, no dia 25 de junho passado.

De sua autoria, o poema abaixo,



Nossas âncoras líquidas e difusas
prendem onde ondas quebram.
Linha da rebentação liberta
                      garças-espumas voam.
Revolvem, devolvem-se eternas
(alternativa articulada das marés)
duas vezes ao dia sem descanso.
Repetida busca \ navegar em si
                  além e depois do sol. 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

GASTRÔ!


Muito feliz com as palavras de José Antonio Pinheiro Machado sobre o Sarau Literário Zona Sul, na coluna de hoje, caderno Gastrô, da Zero Hora.

Obrigada, Anonymus Gourmet!


quinta-feira, 4 de julho de 2013

E outro!!!


O poeta, contista e tradutor Sidnei Schneider também participou da 40ª edição do Sarau Literário Zona Sul.

Sidnei tem dois livros de poesia publicados, PLANO DE NAVEGAÇÃO (1999) e QUICHILIGANGUES (2008).

Em 2012, lançou seu primeiro livro de contos, ANDORINHAS E OUTROS ENGANOS.

Abaixo, um dos poemas que Sidnei leu no sarau, de sua autoria,





o silêncio





1



até hoje pensei

que o silêncio era



dentes sem mastigar,

grandes e francos,



do tamanho de

elefantes



metidos atrás

de gengivas malva:



luminárias

da troante avenida.





2



não um sem som de ar-

condicionado ou



o de carros e sirenes

em onipresente cortina:



vi um silêncio gerânio

parindo ressignificantes



nas sacadas do corpo

onde a terra é fofa,



sem temer a si mesmo

ou fugir ao nascimento.





3



não um silêncio quedo

como o do colarinho



aberto na calçada

aguardando a ambulância



com os ouvidos atentos

dos transeuntes,



mas um que conversa

com o surdo-mudo



da casa de cegos

que também é cego.





4



um silêncio fundo

não aguarda lavras,



deu tudo o que tem

e também o que não:



dá o que não conhece,

flutua além do verbo,



não antes da bíblia.

quando nasce no ser



sequer rumoreja o mar

do silêncio que funda.





5



uma palavra se pode dar,

inclusive a palavra romã.



só o amor, precisamente,

funda o impronunciável:



não o que teme ser dito,

mas o que está além disto.



instrui um dentro-lugar

que jamais pode ser lido:



ultrapassa o impossível

ao dar o que não tem.




quarta-feira, 3 de julho de 2013

Mais um poema!


Floreny Ribeiro é poeta e integra o grupo Vivapalavra. Participou da 40ª edição do Sarau Literário Zona Sul, no dia 25 de junho passado, com o poema abaixo:
 


Ventos antigos
                          Floreny Ribeiro    

Leves manhãs airosas
remontam a um passado
que nem sei se vivi.
Talvez, quem sabe, uma outra vida...
Não importa.
O que me traz, hoje, aqui
são esses ventos antigos
eternos aromas...
E a poesia derramando letras
compondo frases extraídas de um tão profundo eu.
Só a ti confesso, poema amigo
saudade... saudade das manhãs
e ventos antigos.


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