terça-feira, 28 de julho de 2015

Ana Cristina Cesar (1952/1983)


Em Inéditos e Dispersos - Poesia/Prosa, 1985:


imagino como seria te amar

teria o gosto estranho das palavras
que brincamos
                        e a seriedade de quando esquecemos
quais palavras

imagino como seria te amar:
desisto da ideia numa verbal volúpia
e recomeço a escrever
                                     poemas.



psicografia

Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto



quarta-feira, 22 de julho de 2015

Diego Grando


sétima do singular (Não Editora, 2012) é o 3º livro de poesias de Diego Grando, que nasceu em Porto Alegre, em 1981.

Antes publicou Desencantado carrossel (2008) e 25 Rua do Templo (2010), ambos também pela Não Editora.

Abaixo, poemas do sétima do singular:


Por que não fumo

Fumar é o natural império
de ver a vida por inteiro
do fiat lux ao cemitério
continuamente no cinzeiro
a vida fugidia e sólida
ritual e corriqueira
eternamente renovada
na próxima tragada.


Telemarketing

A operadora quando chega em casa
leva inocente no peito e no jeito
repetidos hábitos laborais

Ao namorado que pede atenção
carinho, palavra e algo mais
"Sr. meu querido" diz ela
voz bem posta e articulada
"em seguida vou estar lhe amando"

E passa imediatamente
à próxima chamada


Entreato

O silêncio nasce quando os olhos abrem
e as palavras com os pelos arrepiados
ainda têm a consistência do gemido e sabem
                                  (garganta seca
                                  boca escassa
                                  glote presa)
o exato preço de sua imprecisão:
instintivo intuito de fugir do assunto
e deixar que se evapore
o líquido lusco-fusco
entre os lençóis e a razão

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Sarau Literário


A 48ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL aconteceu no último dia 09, no Iaiá Bistrô, homenageando Sergio Napp.

Cláudio Vera Cruz, compositor, intérprete, violonista, apresentou várias canções que fez em parceria com Napp, a maioria delas inéditas.



Li poemas de Napp de seus livros Memória das Águas (2002), Caixa de Guardados (2006) e Das Travessias (2009).

Inúmeros poetas, num segundo momento do sarau, fizeram também sua homenagem a Sergio Napp, com leitura de poemas e crônicas.

Iaiá Bistrô lotado para o sarau


Foi muito bom! Obrigada a todos!

sábado, 4 de julho de 2015

Sarau Literário Zona Sul


Aperitivo poético para a 48ª edição do sarau, que vai homenagear Sergio Napp. De sua autoria,


nunca houve cerejas à mesa

o gosto rondando a boca
caldo entranhando-se entre dentes
e imaginação
mãos úmidas de vermelho
olhos fechados sob a figueira na rede
cerejas cerejas cerejas

havia guabijus


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