terça-feira, 28 de dezembro de 2010

De LUIZ CORONEL,

PROCURA

Eu fui buscar em teu corpo
amoras recém-colhidas.
Restou, ardendo nos lábios,
um áspero gosto de vida.


Eu quis deixar em teu corpo
as marcas do meu desejo.
Se estendo as mãos, não alcanço.
Se fecho os olhos, não vejo.


Em teu corpo eu procuro
o desvario dos sentidos.
Por vales e montanhas
venta o vento teus gemidos.


Queria porque queria
desvendar os teus segredos.
A noite me diz: é tarde.
As nuvens respondem: é cedo.


Eu sempre pensei teu corpo,
um veleiro sobre as ondas.
Se ouso gritar teu nome,
talvez o eco responda.

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