quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Wislawa Szymborska


Em tempos tristes e sombrios, versos da poeta polonesa, traduzidos por Regina Przybycien.


As três palavras mais estranhas

Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já se perde no passado.

Quando pronuncio a palavra Silêncio,
suprimo-o.

Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não ser.


Wislawa Szymborska

sábado, 26 de janeiro de 2013

Sim, adoro!


Recebi a pergunta acima pelo facebook e respondi que adoro, sim. No momento, sequestrada por Daniel Galera, com  BARBA ENSOPADA DE SANGUE!!!


O escritor Daniel Galera



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Inédito!


 Poema inédito do poeta Paulo Roberto do Carmo. Para ler mais poemas de sua autoria, visite o site www.paulorobertodocarmo.com



DAQUI EM DIANTE

Daqui em diante,
deixarei de ser o que sou
e viverei a vida de novo.
O coração há de me confiar o que fazer.

Daqui em diante,
pararei de culpar os outros
e mudarei de vida, mudando os hábitos.
Os mistérios do dia hão de revelar outros acasos.

Daqui em diante,
valerá o feito e não o escrito ou o dito
e compartirei o pão e beberei estrelas.
A infância há de abrir as portas de mim ao êxtase.

Daqui em diante,
não criarei serpentes de estimação
nem mais serei seduzido por guizos de falsos desejos.
O que busco é outra alma que em mim se contorça de alegria.

Daqui em diante,
fruirei as linguagens que os sentidos puderem cantar,
pois é o tempo que passa na alma ou é a morte
que convida a amar o abismo que uiva de boca aberta?


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Pablo Neruda







VINTE POEMAS DE AMOR E UMA CANÇÃO DESESPERADA
(1923-1924)
                                                                                        


OS VINTE POEMAS

1

Corpo de mulher, brancas colinas, coxas brancas,
pareces com o mundo na tua atitude de entrega.
Meu corpo de lavrador selvagem te escava
e faz saltar o filho do fundo da terra.

Fui sozinho como um túnel. De mim fugiam os pássaros,
e em mim a noite entrava a sua invasão poderosa.
Para sobreviver-me te forjei como uma arma,
como uma flecha no meu arco, como uma pedra na minha funda.

Mas cai a hora da vingança, e te amo.
Corpo de pele, de musgo, de leite ávido e firme.
Ah os copos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah tua voz lenta e triste!

Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso!
Escuros canais onde a sede eterna continua,
e a fadiga continua, e a dor infinita.



                                                                                     (Tradução de Eliane Zagury)

domingo, 20 de janeiro de 2013

Vinicius de Moraes, "Livro de Sonetos" (Companhia das Letras, 2007, 2ª edição).


O VERBO NO INFINITO

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e, se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...


                                                               Rio, 1960






quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Planos para 2013!


A Coordenação do Livro e Literatura, da Prefeitura de Porto Alegre, está divulgando em seu blog os planos de vários escritores para o novo ano.

Notícas minhas:



terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Planos para 2013 IV

11:26  Coordenação do Livro e Literatura  






Cristina Macedo apresenta o Sarau Literário Zona Sul aqui de Porto Alegre, que criou em 2008, em bares e restaurantes. Contista, tradutora e professora de línguas. Ela adiantou um pouco do que fará em 2013.

 2013 será o ano do meu 1º livro de poemas. Ainda sem título e sem editora, mas vai sair! Também vou continuar a apresentar o SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, que criei em 2008 e vai para sua 40ª edição. Na ALFRS - Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul - onde tomei posse na cadeira nº 23, em agosto de 2012, pretendo desenvolver projetos de saraus, palestras e debates literários. Mais informações sobre minhas atividades, no perfil de meu blog, cujo endereço está aí abaixo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"Literature on language: an anthology", Christopher Brumfit.


"The difference is that one tells of what has happened, the other of the kinds of things that might happen. For this reason poetry is something more philosophical and more worthy of serious attention than history; for while poetry is concerned with universal truths, history treats of particular facts."

 
                                                                  Aristotle
                                                           Poetics (c. 330 B.C.)                                                          Translated T.S. Dorsch                                     
                                                                                                                                                                                                                                                                                               

Sergio Napp


DIAS DE VERÃO é o mais recente lançamento do gaúcho de Giruá, Sergio Napp. (IEL e Corag, 2012).

Como bem dizem os editores, na abertura do livro, "A obra de Sergio Napp é múltipla e multifacetada, escritor na plena acepção do vocábulo que o define. Capaz de transitar por diversos gêneros, partindo da prosa mais leve, quase diáfana (a crônica) à prosa de ficção mais densa, como neste emblemático DIAS DE VERÃO, ele passa pela literatura infantojuvenil e deságua no mais exigente dos gêneros literários: a poesia. É autor para se ler e reler. E em incontáveis registros."

São 19 contos no livro, densos, sim, onde a pluralidade temática passa pelos universais  e eternos sentimentos de amor, ódio, dor, espanto, absurdo. Sexo  e erotismo também estão lá. Napp oferece tudo isso ao leitor, e mais, numa linguagem contundente e original, como é sua voz literária.

Já fiz duas ou três edições do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL tendo Napp como meu convidado. Foi sempre um grande prazer ouvi-lo sobre literatura e ler seus contos e poemas.

Aliás, fica público aqui o convite para mais um, Sergio Napp, nos primeiros meses do início (real) de 2013. Topas?

Vamos mostrar ao povo, mais uma vez, teu talento na prosa, na poesia e na música. Quem sabe a Ângela Jobim canta novamente tuas composições, sem deixar passar, por certo, a eterna DESGARRADOS?

Recomendo DIAS DE VERÃO! E não pensem que não há  inverno na alma de alguns dos personagens deste livro. Há, sim, e muito. Ainda bem! 

Sergio Napp e eu fazendo sarau no 4º Festival Porto Poesia, em 2010.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Mario Benedetti (Antologia Poética - Editora Record, 1988)




A PONTE

Para cruzá-la ou não cruzá-la
eis a ponte

na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país

trago comigo oferendas desusadas
entre elas um guarda-chuva de umbigo de madeira
um livro com os pânicos em branco
e um violão que não sei abraçar

venho com as faces da insônia

os lenços do mar e das pazes
os tímidos cartazes da dor
as liturgias do beijo e da sombra

nunca trouxe tanta coisa
nunca vim com tão pouco

eis a ponte
para cruzá-la ou não cruzá-la
e eu vou cruzar
sem prevenções

na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país

                                              (tradução de Julio Luís Gehlen)


                                                

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Fanzine


O poema abaixo é de minha autoria e foi publicado no fanzine GENTE DE PALAVRA (nº 2), grupo poético capitaneado por Renato de Mattos Motta e Michelle Hernandes.


mão única

o grito
gruda
no arremedo
frouxo 
de vida

palavras
decepadas
impávidas
golpeiam

grávidas
de açoite
e punhal
...............

via láctea
a única via

domingo, 6 de janeiro de 2013

Leituras 2013!


Comecei bem o ano novo, com a leitura de "Essa coisa brilhante que é a chuva", de Cíntia Moscovich (Editora Record, 2012), "Figura na Sombra", de Luiz Antonio de Assis Brasil (L&PM Editora, 2012) e "Últimas Palavras", de Christopher Hitchens(GloboLivros, 2012).



Livro que traz nove belos e ternos contos de Cíntia, sobre quem o poeta Fabrício Carpinejar escreve, na orelha:

"(...) Ela é insuportavelmente original.
 "Escreve claro. Escreve claridades."

 

Já Assis Brasil escreveu romance que ficcionaliza a história real de Aimé Bonpland e Alexander von Humboldt, dois importantes homens da ciência do século XIX.




E Christopher Hitchens, considerado um dos grandes intelectuais dos sécs. XX e XXI, narra, neste livro, sua batalha contra um câncer de esôfago, que o matou no final de 2011. Original, inteligente e emocionante relato, que passa longe da autocomiseração e pieguice. Impressionante!


Recomendo os três!
 

sábado, 5 de janeiro de 2013

Ano Novo!


Bela mensagem para o novo ano, no poema de Élvio Vargas.


                                            O ANO NOVO


                                           Rangem as rodas finas
                                           do encarvoado gari
                                           na sua rua de grafite.
                                           Ele minera na valise do lixo
                                           escava nos sacos negros.
                                           Não houve muita fartura
                                           na ceia da noite anterior.
                                           A via-sacra vai cumprindo
                                           o calendário das buscas
                                           até que num dos baús
                                           sua última gota de esperança
                                           atinge o sítio almejado.
                                           Jaz intacta, cintilante, perfumada
                                           uma esquecida garrafa
                                           dois pratos quebrados
                                           e um candelabro partido.
                                           Ele aciona o gatilho da rolha
                                           e o ano novo explode
                                           em espumas, espantos
                                           ternura, surpresas e novidades...


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