quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

VINICIUS DE MORAES

SONETO DA MULHER AO SOL

Uma mulher ao sol - eis todo o meu desejo
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
A flor dos lábios entreaberta para o beijo
A pele a fulgurar todo o pólen da luz.

Uma linda mulher com os seios em repouso
Nua e quente de sol - eis tudo o que eu preciso
O ventre terso, o pelo úmido, e um sorriso
À flor dos lábios entreabertos para o gozo.

Uma mulher ao sol sobre quem me debruce
Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente
E que ao se submeter se enfureça e soluce

E tente me expelir, e ao me sentir ausente
Me busque novamente - e se deixa a dormir
Quando, pacificado, eu tiver de partir...


                                  A bordo do Andrea C., 
                                           a caminho da França,
                                           novembro de 1956.
    

2 comentários:

  1. estou pensando em cristina macedo, poema "Sem ti", gostei porque é um poema da rudeza , da brusquidão, da linha reta, numa só palavra, da desiniibição, já que o meu poema é depilado pela Razão, o que me torna menos direto e mais circunlóquio
    em teu blog, Cristina, também gostei de Alexandra, um lindo poema do Élvio Vargas, e ainda do ótimo português David Mourão, obrigado pela antologia riquíssima que há no teu blog

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  2. Obrigada, Isaac!
    Amei tuas palavras, fiquei feliz!
    Grande abraço,
    Cristina

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