Eis o poema:
ALEXANDRIA
O cálice do desejo
transborda, viscoso
um filete branco que aos poucos
vira córrego pela enseada
serena de tuas pernas.
Umbigo e abdômen enfrentam
o arremesso da flecha.
A luz do punhal
ilumina com um clarão de lua
o arco que circunda o pátio.
Tules derramam-se nas
cortinas do quarto.
A cama navega
esculpida em marfim
peroba e alabastro.
Os lençois de linho
ungem com óleo e alfaia
as reluzentes páginas da pele.
Teu útero- um abismo-
que não meço pela profundidade
esquadrinho pelos labirintos.
Sodoma, Alexandria, Persépolis, Babilônia
ali sepultaram suas ruínas e triunfos.
Esperma por mim
até que floresçam
figos, seios e maçãs...
ÉLVIO VARGAS
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