quinta-feira, 30 de junho de 2011
O sarau AOS MESTRES COM CARINHO
Excelente ontem o sarau que fiz com Jorge Rein, homenageando Mario Benedetti!
Foi a estreia da série Aos Mestres com Carinho, que farei uma quarta por mês, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, dentro do projeto QUARTA TEM SARAU NO QUARTO.
Além de termos tido o privilégio de ouvir Benedetti no original, em espanhol, através do dramaturgo, contista e poeta Jorge Rein, ainda fomos contemplados pelo conhecimento que Rein tem da obra do poeta. São conterrâneos, do Uruguai.
Quero agradecer muito ao Jorge e à sua família (inestimável ajuda de Alice, sua mulher, no manejo com o DVD, quando ouvimos e vimos Nacha Guevara cantando poemas de Mario Benedetti).
Também quero agradecer ao público que lotou a sala O RETRATO, apesar do frio de ontem à noite.
Fico especialmente grata aos vários poetas que foram prestigiar o evento: Barreto Poeta, Carmen Presotto, Celso Sant'Anna, Daniela Damaris, Élvio Vargas, Gilberto Wallace, Iara Irigaray, Mario Pirata, Paulo Roberto do Carmo, Renato de Mattos Motta, Sidnei Schneider, Vladimir Santos.
E às escritoras Maria Helena Martins, criadora e diretora do Celpcyro (Centro de Estudos de Psicanálise e Literatura Cyro Martins) e Joséte Obino.
Espero não ter esquecido ninguém.
Hoje à noite, aqueceremos novamente a alma, com a literatura de José Antonio Pinheiro Machado.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
De Mario Benedetti,
A PONTE
Para cruzá-la ou não cruzá-la
eis a ponte
na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país
trago comigo oferendas desusadas
entre elas um guarda-chuva de umbigo de madeira
um livro com os pânicos em branco
e um violão que não sei abraçar
venho com as faces da insônia
os lenços do mar e das pazes
os tímidos cartazes da dor
as liturgias do beijo e da sombra
nunca trouxe tanta coisa
nunca vim com tão pouco
eis a ponte
para cruzá-la ou não cruzá-la
e eu vou cruzar
sem prevenções
na outra margem alguém me espera
com um pêssego e um país
Tradução de Julio Luís Gehlen
(Um dos poemas que lerei hoje à noite, no sarau Aos Mestres com Carinho)
sábado, 25 de junho de 2011
DOIS SARAUS NA MESMA SEMANA!!!
Uau, estou aqui preparando meus dois próximos saraus: quarta, dia 29, sobre Mario Benedetti.
Novo projeto do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo: todas as quartas tem sarau no quarto (andar)!
O meu se chamará AOS MESTRES COM CARINHO, e nesta 1ª edição, homenageará o poeta e escritor uruguaio Mario Benedetti. Vou contar com a ajuda do dramaturgo uruguaio Jorge Rein, que lerá poemas no original.
No dia 30, quinta-feira, o já tradicional SARAU LITERÁRIO ZONA SUL estará em sua 29ª edição. Meu convidado será o escritor José Antonio Pinheiro Machado, o "Anonymus Gourmet".
Os convites para os saraus, abaixo:
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Do poeta Élvio Vargas,
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Vilariño e Onetti
Meu amigo uruguaio (apesar de morar há mais de 40 anos no Brasil), Jorge Rein, dramaturgo, contista e poeta, apresentou-me à poeta uruguaia Idea Vilariño através do poema YA NO SERÁ..., escrito para seu amor proibido, o escritor, também uruguaio, Juan Carlos Onetti. Belo e triste poema:
Ya no será,
ya no viviremos juntos, no criaré a tu hijo
no coseré tu ropa, no te tendré de noche
no te besaré al irme, nunca sabrás quién fui
por qué me amaron otros.
No llegaré a saber por qué ni cómo, nunca
ni si era de verdad lo que dijiste que era,
ni quién fuiste, ni qué fui para ti
ni cómo hubiera sido vivir juntos,
querernos, esperarnos, estar.
Ya no soy más que yo para siempre y tú
Ya no serás para mí más que tú.
Ya no estás en un día futuro
no sabré dónde vives, con quién
ni si te acuerdas.
No me abrazarás nunca como esa noche, nunca.
No volveré a tocarte. No te veré morir.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Da poeta Daniela Damaris,
cordel de papilas
ao raio que os parta
anseios vãos
e tempestades
de plumas
quero estilhaços de vidro
ventos que arranquem os pelos
carne em flagelos num frio de agosto
não quero lençóis branco leite
nem flores que murchem mal finde o dia
quero panos rasgados pisados de chuva
e espinhos que mordam os lábios inertes
nem doces nem acres no chão das papilas
com gosto de terra encharcada de vida
ao raio que os parta
os que aguardam estrelas
a vida é hoje
é no vão do poema
Mais poemas de Daniela no blog artedepoetizar.blogspot.com
terça-feira, 14 de junho de 2011
Sylvia Plath, em ARIEL.
The Night Dances
A smile fell in the grass.
Irretrievable!
And how will your night dances
Lose themselves. In mathematics?
Such pure leaps and spirals -
Surely they travel
The world forever, I shall not entirely
Sit emptied of beauties, the gift
Of your small breath, the drenched grass
Smell of your sleeps, lillies, lillies.
Their flesh bears no relation.
Cold folds of ego, the calla,
And the tiger, embellishing itself -
Spots, and a spread of hot petals.
The comets
Have such a space to cross,
Such coldness, forgetfulness.
So your gestures flake off -
Warm and human, then their pink light
Bleeding and peeling
Through the black amnesias of heaven.
Why am I given
These lamps, these planets
Falling like blessings, like flakes
Six-sided, white
On my eyes, my lips, my hair
Touching and melting.
Nowhere.
Danças noturnas
Um sorriso caiu na relva.
Irrecuperável!
E como vão se perder
Suas danças noturnas? Na matemática?
Estas espirais e saltos puros -
Viajam pelo mundo
Para sempre, e não me sentarei
De todo esvaziada de belezas, o presente
De sua suave respiração, a grama úmida,
O aroma de seus sonhos, lírios, lírios.
Sem relação com sua carne.
Dobras frias do ego, o copo-de-leite,
E o tigre, se enfeitando todo -
Pintas, e um espalhar de pétalas quentes.
Os cometas
Têm tanto espaço para percorrer,
Tanta frieza, esquecimento.
Teus gestos se lascam -
Mornos e humanos, sua luz rósea
Sangrando e descascando
Pelas negras amnésias do céu.
Por que me dão
Estas lâmpadas, estes planetas
Caindo como bênçãos, como flocos
Com seis lados, brancos
Sobre meus olhos, meus lábios, meus cabelos
Tocando e derretendo.
Lugar nenhum.
Tradução minha e de Rodrigo Garcia Lopes
Verus Editora, 2007.
A smile fell in the grass.
Irretrievable!
And how will your night dances
Lose themselves. In mathematics?
Such pure leaps and spirals -
Surely they travel
The world forever, I shall not entirely
Sit emptied of beauties, the gift
Of your small breath, the drenched grass
Smell of your sleeps, lillies, lillies.
Their flesh bears no relation.
Cold folds of ego, the calla,
And the tiger, embellishing itself -
Spots, and a spread of hot petals.
The comets
Have such a space to cross,
Such coldness, forgetfulness.
So your gestures flake off -
Warm and human, then their pink light
Bleeding and peeling
Through the black amnesias of heaven.
Why am I given
These lamps, these planets
Falling like blessings, like flakes
Six-sided, white
On my eyes, my lips, my hair
Touching and melting.
Nowhere.
Danças noturnas
Um sorriso caiu na relva.
Irrecuperável!
E como vão se perder
Suas danças noturnas? Na matemática?
Estas espirais e saltos puros -
Viajam pelo mundo
Para sempre, e não me sentarei
De todo esvaziada de belezas, o presente
De sua suave respiração, a grama úmida,
O aroma de seus sonhos, lírios, lírios.
Sem relação com sua carne.
Dobras frias do ego, o copo-de-leite,
E o tigre, se enfeitando todo -
Pintas, e um espalhar de pétalas quentes.
Os cometas
Têm tanto espaço para percorrer,
Tanta frieza, esquecimento.
Teus gestos se lascam -
Mornos e humanos, sua luz rósea
Sangrando e descascando
Pelas negras amnésias do céu.
Por que me dão
Estas lâmpadas, estes planetas
Caindo como bênçãos, como flocos
Com seis lados, brancos
Sobre meus olhos, meus lábios, meus cabelos
Tocando e derretendo.
Lugar nenhum.
Tradução minha e de Rodrigo Garcia Lopes
Verus Editora, 2007.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
HILDA HILST, em "Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão".
Último poema da série MODERATO CANTABILE às vésperas do DIA DOS NAMORADOS.
Hilda Hilst fala de amor, fala de uma amante-poeta arrebatada, lamentando a ausência do amado que se esquiva.
VI
Soergo meu passado e meu futuro
E digo à boca do Tempo que os devore.
E degustando o êxito do Agora
A cada instante me vejo renascendo
E no teu rosto, Túlio, faz-se um Tempo
Imperecível, justo
Igual à hora primeira, nova, hora-menina
Quando se morde o fruto. Faz-se o Presente.
Translúcida me vejo na tua vida
Sem olhar para trás nem para frente:
Indescritível, recortada, fixa.
Hilda Hilst fala de amor, fala de uma amante-poeta arrebatada, lamentando a ausência do amado que se esquiva.
VI
Soergo meu passado e meu futuro
E digo à boca do Tempo que os devore.
E degustando o êxito do Agora
A cada instante me vejo renascendo
E no teu rosto, Túlio, faz-se um Tempo
Imperecível, justo
Igual à hora primeira, nova, hora-menina
Quando se morde o fruto. Faz-se o Presente.
Translúcida me vejo na tua vida
Sem olhar para trás nem para frente:
Indescritível, recortada, fixa.
POESIA PONTO COM!
Muito bom ter participado do sarau do poeta Renato de Mattos Motta, ontem dia 08, no Matita Perê, bar da João Alfredo. Renato é meu amigo e já fizemos juntos inúmeros saraus. Quem eu não conhecia pessoalmente, e adorei conhecer, foi a atriz Deborah Finocchiaro, a outra convidada do Renato. A Deborah é uma atriz talentosíssima; recentemente assisti o espetáculo SOBRE ANJOS & GRILOS - O UNIVERSO DE MARIO QUINTANA: excelente atuação da Deborah, com imagens de Zoravia Bettiol e trilha sonora de Chico Ferretti. Além do talento, ela é uma pessoa encantadora! Já combinamos um encontro no SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, talvez em agosto. Beijo, Deborah! Beijo, Renato!
quarta-feira, 8 de junho de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
COYOTE 22 chegando!!!
Revista de literatura e arte, editada em Londrina, pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes.
Vendas pela Editora Iluminuras, www.iluminuras.com.br ou nas bancas e livrarias, a 5,00 em Londrina e a 10,00 nas outras cidades.
Vendas pela Editora Iluminuras, www.iluminuras.com.br ou nas bancas e livrarias, a 5,00 em Londrina e a 10,00 nas outras cidades.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Há cerca de um ano...
sábado, 4 de junho de 2011
SARAU NO MATITA PERÊ
Meu amigo e poeta Renato de Mattos Motta retoma seu sarau POESIA.COM no bar Matita Perê, Cidade Baixa. Renato lerá Drummond, a atriz Deborah Finocchiaro, Quintana e eu lerei Hilda Hilst. O sarau promete!!! Convite abaixo:
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Blog da Daniela
A poeta DANIELA DAMARIS postou, hoje, em seu blog ARTE DE POETIZAR, um belo comentário sobre o projeto QUARTA TEM SARAU NO QUARTO, que comecei juntamente com Angélica Rizzi e Renato de Mattos Motta, quarta, dia 1º/06.
Benedito Saldanha, que faz parte do projeto, não pode comparecer a este primeiro sarau.
Vale a pena uma visita ao blog para se ler, além das postagens e poemas da Dani, um poema meu que está lá: PAIXÃO. (Exibida eu!)
artedepoetizar.blogspot.com
HILDA HILST, em "Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão".
MODERATO CANTABILE
V
E se parece a Mei, pequena estrela
Viva na constelação de Sagitário.
Vive dentro de ti, dupla grandeza
O existir de agora, o céu em mim
No meu viver de sempre, solitário.
E de viver a ideia, de mim mesma
Do rosto, dos cabelos, do meu corpo
Dos amigos também, ando esquecida.
Rodeiam-me sem rosto, me perguntam:
E a ideia? E se vão apreensivos
Pois dupla vida é o que vive o poeta:
Entendimento e amor, duplo perigo.
A ideia, Túlio,
(resguarda-te do susto, não te aflijas)
É na verdade tudo o que me resta.
V
E se parece a Mei, pequena estrela
Viva na constelação de Sagitário.
Vive dentro de ti, dupla grandeza
O existir de agora, o céu em mim
No meu viver de sempre, solitário.
E de viver a ideia, de mim mesma
Do rosto, dos cabelos, do meu corpo
Dos amigos também, ando esquecida.
Rodeiam-me sem rosto, me perguntam:
E a ideia? E se vão apreensivos
Pois dupla vida é o que vive o poeta:
Entendimento e amor, duplo perigo.
A ideia, Túlio,
(resguarda-te do susto, não te aflijas)
É na verdade tudo o que me resta.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
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