terça-feira, 30 de abril de 2013

Sylvia Plath (1932/1963)



                    

                      LADY LAZARUS



                      I have done it again.
                      One year in every ten
                      I manage it –

                      A sort of walking miracle, my skin
                      Bright as a Nazi lampshade,
                      My right foot

                      A paperweight,
                      My face a featureless, fine
                      Jew linen.

                      Peel off the napkin
                      O my enemy.
                      Do I terrify? –

                      The nose, the eye pits, the full set of teeth?
                      The sour breath
                      Will vanish in a day.

                       Soon, soon the flesh
                       The grave cave ate will be
                       At home on me

                      And I a smiling woman.
                      I am only thirty.
                      And like the cat I have nine times to die.

                      This is Number Three.
                       What a trash
                       To annihilate each decade.

                      What a million filaments.
                      The peanut-crunching crowd
                      Shoves in to see

                      Them unwrap me hand and foot –
                      The big strip tease.
                      Gentlemen, ladies

                     These are my hands
                     My knees.
                     I may be skin and bone,

                     Nevertheless, I am the same, identical woman.
                     The first time it happened I was ten.
                     It was an accident.

                    The second time I meant
                    To last it out and not come back at all.
                    I rocked shut

                    As a seashell.
                    They had to call and call
                    And pick the worms off me like sticky pearls.

                    Dying
                    Is an art, like everything else.
                    I do it exceptionally well.

                     I do it so it feels like hell.
                     I do it so it feels real.
                     I guess you could say I’ve a call.

                     It’s easy enough to do it in a cell.
                     It’s easy enough to do it and stay put.
                    It’s the theatrical

                     Comeback in broad day
                     To the same place, the same face, the same 
                     brute
                     Amused shout:

                     “A miracle!”
                      That knocks me out.
                      There is a charge

                     For the eyeing of my scars, there is a charge
                     For the hearing of my heart –
                     It really goes.

                     And there is a charge, a very large charge
                      For a word or a touch
                      Or a bit of blood

                     Or a piece of my hair or my clothes.
                     So, so, Herr Doktor.
                     So, Herr Enemy.

                     I am your opus,
                     I am your valuable,
                    The pure gold baby

                    That melts to a shriek.
                    I turn and burn.
                    Do not think I underestimate your great
                    concern.

                    Ash, ash –
                    You poke and stir.
                    Flesh, bone, there is nothing there –

                    A cake of soap,

                   A wedding ring,
                   A gold filling.

                   Herr God, Herr Lucifer
                   Beware
                   Beware.

                   Out of the ash
                   I rise with my red hair
                   And I eat men like air.




LADY LAZARUS


Tentei outra vez.
Um ano em cada dez
Eu dou um jeito –

Um tipo de milagre ambulante, minha pele
Brilha feito abajur nazista,
Meu pé direito

Peso de papel,
Meu rosto inexpressivo, fino
Linho judeu.

Dispa o pano
Oh, meu inimigo.
Eu te aterrorizo? –

O nariz, as covas dos olhos, a dentadura toda?
O hálito amargo
Desaparece num dia.

Em muito breve a carne
Que a caverna carcomeu vai estar
Em casa, em mim.

E eu uma mulher sempre sorrindo.
Tenho apenas trinta anos.
E como o gato, nove vidas para morrer.

Esta é a Número Três.
Que besteira
Aniquilar-se a cada década.

Um milhão de filamentos.
A multidão, comendo amendoim,
Se aglomera para ver

Desenfaixarem minhas mãos e pés –
O grande striptease.
Senhoras e senhores,

Eis minhas mãos
Meus joelhos.
Posso ser só pele e osso,

No entanto sou a mesma, idêntica mulher.
Tinha dez anos na primeira vez.
Foi acidente.

Na segunda quis
Ir até o fim e nunca mais voltar.
Oscilei, fechada

Como uma concha do mar.
                 Tiveram que chamar e chamar
E tirar os vermes de mim como pérolas grudentas.

Morrer
É uma arte, como tudo o mais.
Nisso sou excepcional.

Desse jeito faço parecer infernal.
Desse jeito faço parecer real.
Vão dizer que tenho vocação.

É muito fácil fazer isso numa cela.
É muito fácil fazer isso e ficar nela.
É o teatral

Regresso em plena luz do sol
Ao mesmo local, ao mesmo rosto, ao mesmo grito
Aflito e brutal:

“Milagre!”
Que me deixa mal.
Há um preço

Para olhar minhas cicatrizes, há um preço
Para ouvir meu coração –
Ele bate, afinal.

E há um preço, um preço muito alto
Para cada palavra ou cada toque
Ou mancha de sangue

Ou um pedaço de meu cabelo ou de minhas
roupas.
E aí, Herr Doktor.
E aí, Herr Inimigo.

Sou sua obra-prima,
Sou seu tesouro,
O bebê de ouro puro

Que se funde num grito.
Me viro e carbonizo.
Não pense que subestimo sua grande
preocupação.

Cinza, cinza -
Você fuça e atiça.
Carne, osso, não há mais nada ali –

Barra de sabão,
Anel de casamento,
Obturação de ouro.

Herr Deus, Herr Lúcifer
Cuidado.
Cuidado.

Saída das cinzas
Me levanto com meu cabelo ruivo
E devoro homens como ar.

                


 Poema do livro ARIEL, tradução de Cristina Macedo e Rodrigo Garcia Lopes.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Clarice!


Segunda, dia 22, o Studio Clio realizou mais uma edição do Almoço Clio, desta vez em parceria com o Instituto Cervantes.

A palestrante foi a escritora espanhola Laura Freixas, que falou sobre "A mulher segundo Clarice Lispector". Inteligente e sensível palestra!

O almoço, a cargo dos chefs  Leonardo Magni e Liliana Andriola, estava delicioso. Cardápio:

Entrada
Sopa-creme de alho-poró e moranga

Prato Principal
Peixe branco grelhado com mousseline de mandioquinha e vagens salteadas

Sobremesa
Clafoutis de ameixa

Harmonização: Vinho Malbec Picada 15.

Adorei o programa!  A combinação de Literatura com Gastronomia, bom ambiente e boa companhia é maravilhosa!

Leminski ainda!


tenho andado fraco

levanto a mão
é uma mão de macaco

tenho andado só
lembrando que sou pó

tenho andado tanto
diabo querendo ser santo

tenho andado cheio
o copo pelo meio

tenho andado sem pai

yo no creo en caminos
pelo que los hay
hay


domingo, 21 de abril de 2013

Paulo Leminski!


    

   eu ontem tive a impressão
   que deus quis falar comigo
   não lhe dei ouvidos

   quem sou eu para falar com deus?
   ele que cuide dos seus assuntos
   eu cuido dos meus





PARADA CARDÍACA

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro

Vem da zona escura
donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento

quinta-feira, 18 de abril de 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

José Eduardo Degrazia!


O vinho à lareira

Crepita na lareira um velho tronco,
e entre fagulhas queima lentamente,
a madeira assovia em verde ronco
enquanto avivo a brasa comburente.

Por trás das portas o Minuano canta
uma canção de inverno e de estribilho,
a neve no caminho bem que espanta
o leve passo do último andarilho.

Estrela brilha nesse firmamento
sobre a alta ponta do velho pinheiro,
e a coruja pia em chamamento.

Eu vou abrindo um vinho companheiro,
enquanto ela se despe em movimento
aquecendo suas mãos frias no braseiro. 

                                                                     ( A FLOR FUGAZ, WS Editor, 2011).

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Gerci Oliveira Godoy!


A poeta lançou, em 2012, o livro Da boca pra dentro. Dele , o poema 

mundo insconsciente

na vertente poluída
divago em sombras
            mergulho no barro
            de um avesso cruel
emerjo cicatrizes
de antigas carrancas
            escorro na dor
            bebo este sal

quarta-feira, 10 de abril de 2013

terça-feira, 9 de abril de 2013



"Nocturnos y Otros Poemas", de Idea Vilariño!


LA NOCHE


La noche no era el sueño
era su boca
era su hermoso cuerpo despojado
de sus gestos inútiles
era sua cara pálida mirándome en la sombra.
La noche era su boca
su fuerza y su pasión
era sus ojos serios
esas piedras de sombra
cayéndose em mis ojos
y era su amor en mí
invadiendo tan lenta
tan misteriosamente.



segunda-feira, 8 de abril de 2013

O poeta Paulo Roberto do Carmo!


Um sarau poético-musical abriu as portas do novo apartamento do casal Paulo Roberto do Carmo e Maria Rosa, na última semana. 

Iniciamos o sarau, do Carmo e eu, lendo alguns de seus poemas recentes, entremeados com o oboé de Viktória Tatour, musicista bielorussa, oboísta da Ospa.

Num segundo momento, Velichka Filipova (viola e violino) e Filip Filipov, (violoncelo), casal búlgaro, também músicos da Ospa, juntamente com Viktória, encantaram nossos ouvidos e todos os sentidos com a execução de várias peças musicais. 

Os números finais couberam ao compositor e pianista Flávio Oliveira, um requinte!

Obrigada, Paulo e Rosa, pela bela noite de música e poesia e, claro, pelas deliciosas paellas!!!

Poeta Paulo Roberto do Carmo e eu

Viktória Tatour, e o casal Villi e Filipe




Pianista e compositor Flávio Oliveira




Um dos mais recentes poemas de Paulo Roberto do Carmo, lido por mim no sarau:


DAQUI EM DIANTE

Daqui em diante,
deixarei de ser o que sou
e viverei a vida de novo.
O coração há de me confiar o que fazer.

Daqui em diante,
pararei de culpar os outros
e mudarei de vida, mudando os hábitos.
Os mistérios do dia hão de revelar outros acasos.

Daqui em diante,
valerá o feito e não o escrito ou o dito
e compartirei o pão e beberei estrelas.
A infância há de abrir as portas de mim ao êxtase.

Daqui em diante,
não criarei serpentes de estimação
nem mais serei seduzido por guizos de falsos desejos.
O que busco é outra alma que em mim se contorça
de alegria.

Daqui em diante,
fruirei as linguagens que os sentidos puderem cantar,
pois é o tempo que passa na alma ou é a morte  
que convida a amar o abismo que uiva de boca aberta?


sábado, 6 de abril de 2013

CUIDANDO DO CUIDADOR!


Evento do dia 20 de abril, no caderno VIDA da Zero Hora, hoje.



sexta-feira, 5 de abril de 2013

A poesia de Paula Taitelbaum!



Do livro PORNOPOPPOCKET (L&PM, 2004).

A melhor trepada
nem é a que
rasga a blusa
tem lambuzo
faz gritar.
A melhor trepada
é quando ele
me penetra
com o olhar.


A regra é não dar trégua
comê-la de quatro
chamá-la de égua
a regra é segurar o arreio
e se ela tentar fugir
puxar com força seu freio.


A garota tem um fetiche:
que façam sanduíche
dela.
Procura dois belos pães
que a desejem
como mortadela.


Eu queria dizer
pra ele fazer diferente:
mais pra frente
mais pra cima, mais pra baixo
direita, esquerda, volver
isso, mais devagar
e agora correndo
no mesmo lugar.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Dia 20/04, no Santander Cultural!


Estarei lá, lendo meu conto DESPERTAR DEPOIS, com muito prazer!



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