domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
Hoje, 30 de julho, 105 anos de Mario Quintana!
O POEMA
Um poema como um gole dágua bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre
na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa
condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
interrompido
Este conto é de minha autoria, e foi publicado no livro "Arca Profana", Território das Artes Editora, Porto Alegre, 2010.
Tomou outro gole daquele tinto, deu uma tragada no cigarro dele e pensou: quero este homem.
Quando, naquela manhã, o vira na praia, seu corpo tremera um pouco. Tipo amor à primeira vista ou paixão arrebatadora, qualquer coisa assim.
Os dois se aproximaram, começando o bate-papo. Depois de alguns minutos, sentaram-se juntos na areia, próximos um do outro. Ela sentia a presença daquele homem quase como se a tocasse. Ele era naturalmente sedutor.
Depois de várias horas e vários banhos de mar, a conversa não esmorecera, tendo enveredado para assuntos pessoais. Bem pessoais. Ela estava enfeitiçada.
Quando o sol foi embora, eles decidiram fazer o mesmo, porém, juntos. Foram para o apartamento dela, ali perto.
Ele abriu o vinho. Começaram a sorvê-lo devagar, deleitando-se com a bebida e, mais ainda, deleitando-se um com o outro. O desejo irrompia nos olhos abrasados, nas bocas úmidas, nos corpos lânguidos.
E aí, volto à primeira linha desta história: "tomou outro gole daquele tinto, deu uma tragada no cigarro dele e pensou: quero este homem!". Abriu os braços e ele a enlaçou com força. Beijaram-se. Ela o atirou na cama: gostava de amores violentos. Ele entrava no seu jogo. Rolaram feito loucos e, feito loucos, começaram a se despir. Reconhecimento dos corpos. Entrelaçamento. Nossa, pensou ela, romântica e passional, acho que este é o homem da minha vida.
As mãos percorriam os corpos, os lábios cerravam as bocas e escorregavam pelos pescoços, peitos, coxas. A janela aberta deixava entrar o alarido da rua.
No instante em que o corpo dele a penetrava, ouviu o estampido. Bala perdida.
Tomou outro gole daquele tinto, deu uma tragada no cigarro dele e pensou: quero este homem.
Quando, naquela manhã, o vira na praia, seu corpo tremera um pouco. Tipo amor à primeira vista ou paixão arrebatadora, qualquer coisa assim.
Os dois se aproximaram, começando o bate-papo. Depois de alguns minutos, sentaram-se juntos na areia, próximos um do outro. Ela sentia a presença daquele homem quase como se a tocasse. Ele era naturalmente sedutor.
Depois de várias horas e vários banhos de mar, a conversa não esmorecera, tendo enveredado para assuntos pessoais. Bem pessoais. Ela estava enfeitiçada.
Quando o sol foi embora, eles decidiram fazer o mesmo, porém, juntos. Foram para o apartamento dela, ali perto.
Ele abriu o vinho. Começaram a sorvê-lo devagar, deleitando-se com a bebida e, mais ainda, deleitando-se um com o outro. O desejo irrompia nos olhos abrasados, nas bocas úmidas, nos corpos lânguidos.
E aí, volto à primeira linha desta história: "tomou outro gole daquele tinto, deu uma tragada no cigarro dele e pensou: quero este homem!". Abriu os braços e ele a enlaçou com força. Beijaram-se. Ela o atirou na cama: gostava de amores violentos. Ele entrava no seu jogo. Rolaram feito loucos e, feito loucos, começaram a se despir. Reconhecimento dos corpos. Entrelaçamento. Nossa, pensou ela, romântica e passional, acho que este é o homem da minha vida.
As mãos percorriam os corpos, os lábios cerravam as bocas e escorregavam pelos pescoços, peitos, coxas. A janela aberta deixava entrar o alarido da rua.
No instante em que o corpo dele a penetrava, ouviu o estampido. Bala perdida.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
A DAMA INDIGNA!
Ando ouvindo sem parar o mais recente CD de Cida Moreira, A Dama Indigna.
Gosto especialmente de sua interpretação para Lullaby, de Tom Waits, The Man I Love, de Ira Gershwin e George Gershwin, O Ciúme, de Caetano, Summertime (vinheta), de Du Bose Heyward e George Gershwin e Back to Black, de Amy Winehouse.
Que piano, que voz, que viscerais interpretações!
Capa do disco
quarta-feira, 27 de julho de 2011
segunda-feira, 25 de julho de 2011
poema meu
gostei do amor que fizemos
gostei do braço no abraço
gostei da língua na boca
gostei da tua na nuca
gostei do veludo dos dedos
no profundo das frestas
gostei da carícia na carne
dos sussurros e dos ais
gostei e quero mais!
(Cristina Macedo)
domingo, 24 de julho de 2011
SYLVIA PLATH E TED HUGHES
Em 1998, o poeta inglês Ted Hughes quebra um silêncio de 35 anos, e lança Birthday Letters, Cartas de Aniversário na edição bilíngue lançada pela Record no ano seguinte, com tradução de Paulo Henriques Britto. É um livro de poemas dedicado à sua ex-mulher, a também poeta (norte-americana) Sylvia Plath, que, aos 30 anos, em 1963, suicidou-se em Londres, deixando dois filhos pequenos, Frieda e Nicholas. Na época, o casal já tinha se separado, porque Ted estava tendo um caso com Assia Wevil.
Os poemas como que dialogam com Sylvia (ou com seu fantasma), e sobre o livro Ted Hughes diz: "Escrito sem planejamento ao longo de 25 anos, este é um livro no qual eu tentei estabelecer um contato direto, privado, íntimo,com minha primeira mulher, não pensando em fazer um poema, mas principalmente pensando em evocar sua presença e senti-la ali, escutando."
THE MINOTAUR
The mahogany table-top you smashed
Had been the broad plank top
Of my mother's heirloom sideboard -
Mapped with the scars of my whole life.
That came under the hammer.
The high stool you swung that day
Demented by my being
Twenty minutes late for baby-minding.
"Marvellous!" I shouted. "Go-on,
Smash it into kindling.
That's the stuff you're keeping out of your poems!"
And later, considered and calmer.
"Get that shoulder under your stanzas
And we'll be away." Deep in the cave of your ear
The goblin snapped his fingers.
So what had I given him?
The bloody end of the skein
That unravelled your marriage,
Left your children echoing
Like tunnels in a labyrinth,
Left your mother a dead-end,
Brought you to the horned, bellowing
Grave of your risen father -
And your own corpse in it.
O MINOTAURO
A mesa de mogno que você quebrou
Era o tampo largo do aparador
Que minha mãe havia herdado -
Mapa de riscos de toda a minha vida.
Foi isso que você martelou
Com um banco alto aquele dia,
Enlouquecida por eu estar vinte minutos
Atrasado para cuidar da criança.
"Maravilhoso"! gritei. "Isso mesmo,
Quebre tudo em pedacinhos.
Isso você não põe nos seus poemas!"
Depois, consciente, mais calmo,
"Ponha no ombro essas estrofes
E vamos." No fundo da gruta do seu ouvido
O gnomo estalou os dedos.
O que lhe dera eu, afinal?
A ponta sangrenta da madeixa
Que desenredou o seu casamento,
Deixou os seus filhos ecoando
Como túneis de um labirinto,
Deixou a sua mãe num beco sem saída,
Levou você ao touro enfurecido
Da tumba do seu pai ressuscitado -
E deixou-a morta lá dentro.
sábado, 23 de julho de 2011
Renato de Mattos Motta
Hoje é aniversário do poeta Renato de Mattos Motta, meu grande amigo.
Uma homenagem minha, deixando que ele mesmo fale, através de seus versos:
petit mort
uma petit-mort não macula
antes acalma o apetite
os ocos de um corpo-lacuna
gosto
gostei de ti
do teu jeito
do teu rosto
do teu gosto
gostei do teu corpo
do teu cheiro
gostei de ti
por inteiro
Parabéns, Renato! Grande beijo.
HILDA HILST, do livro "Alcoólicas", 1990.
V
Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado
Salpicado de negro, de doçuras e iras.
Te amo, Líquida, descendo escorrida
Pela víscera, e assim esquecendo
Fomes
País
O riso solto
A dentadura etérea
Bola
Miséria.
Bebendo, Vida, invento casa, comida
E um Mais que se agiganta, um Mais
Conquistando um fulcro potente na garganta
Um látego, uma chama, um canto. Ama-me.
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos
Quando não sou líquida.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
O SARAU DE ONTEM
Muito intenso ler Hilda Hilst. Que bela poesia a dela! Adoro!
Quero, novamente, agradecer a participação da poeta Daniela Damaris, minha convidada para a 2ª edição do sarau Aos Mestres com Carinho. Foi ótimo, Dani!
Também quero agradecer a presença dos poetas Ana Kosby, Élvio Vargas, Iara Irigaray, Jorge Rein, Marco Celso Huffell Viola, Renato de Mattos Motta, Vladimir Santos, e do músico Fernando Menegotto.
E ao pessoal do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, especialmente Regina Ungaretti e Sabrina Lindemann.
O público que compareceu ao CEEE merece aplausos: eta noite fria e chuvosa!!! Valeu!!!
terça-feira, 19 de julho de 2011
HILDA HILST
Do livro Do Desejo, um dos poemas que lerei no sarau, amanhã:
Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Poetas no Castelinho
Vejam convite e flyer abaixo. Ideia da ativa e criativa poeta Sandra Santos. Faço parte da exposição, com muita honra! Obrigada, Sandra!
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Meus contos
Dois contos meus e comentário de Maria Helena Martins, escritora, doutora em Literatura Comparada e diretora do Celpcyro (Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins),estão no site www.celpcyro.org.br
Estes e mais seis contos meus, além de ensaios e poesia de vários autores, inclusive da própria Maria Helena, foram publicados em 2010, pela Território das Artes Editora, no livro "Arca Profana".
Deem uma passadinha lá no site; tem muita coisa boa por lá!
HOJE!!!
Angélica Rizzi e eu leremos Sylvia Plath, Cecília Meireles e Florbela Espanca, entre outras poetas. Convite abaixo:
terça-feira, 12 de julho de 2011
CECÍLIA MEIRELES, em "Viagem" (1939)
MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
domingo, 10 de julho de 2011
PAULO LEMINSKI
ai daqueles
que se amaram sem nenhuma briga
aqueles que deixaram
que a mágoa nova
virasse a chaga antiga
ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não porque não tem asa
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Mais Florbela Espanca, em SONETOS.
Fanatismo
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..."
quarta-feira, 6 de julho de 2011
terça-feira, 5 de julho de 2011
SONETOS, de Florbela Espanca.
Se tu viesses ver-me...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesse toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca...o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte...os teus abraços...
Os teus beijos...a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
sábado, 2 de julho de 2011
Da poeta Roselaine Funari, no livro POEMA FAZ SENTIDO - Edição Braille (2011).
flui da tua BOCA
verso sentido
escorre palavra
que soterra meus ouvidos
flui da tua boca
a prova real dos fatos
na crua tempestade
que afoga dúvidas
flui da tua boca
o gosto áspero do passado
que me atiras
feito remédio silencioso
flui da tua boca
o feto da paz
que de ti nasce
e em mim jaz
sexta-feira, 1 de julho de 2011
José Antonio Pinheiro Machado
Ontem à noite, tive o privilégio de conversar com Pinheiro Machado, o Anonymus Gourmet, na 29ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL.
Talvez muitos conheçam o personagem Anonymus Gourmet da televisão, mas, na verdade, Anonymus é um personagem criado por José Antonio, que apareceu, pela 1ª vez, em uma crônica escrita para a revista Oitenta, LPM, da qual foi editor.
Depois disso, Anonymus Gourmet foi o personagem ficcional do livro O BRASILEIRO QUE GANHOU O PRÊMIO NOBEL, lançado em 1982.
Vieram, a seguir, RECUERDOS DO FUTURO (novela), ENCICLOPÉDIA DAS MULHERES (contos), COPOS DE CRISTAL (crônicas), HISTÓRIAS DE CAMA E MESA (crônicas e ensaios), e NA MESA NINGUÉM ENVELHECE (crônicas), livro vencedor do prêmio Açorianos, categoria crônicas, no ano de 2004.
Pinheiro Machado é, além de escritor, advogado, jornalista e tradutor.
Sobre todas estas facetas, batemos um delicioso papo no sarau, além de termos lido excertos de seus vários livros.
Obrigada, José Antonio Pinheiro Machado, Anonymus Gourmet, que saiu das páginas dos livros para se transformar no famoso personagem da televisão. Valeu!!!
Ficamos aguardando teu próximo livro de ficção!
Assinar:
Postagens (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2011
(223)
-
▼
julho
(26)
- DIA 18 DE AGOSTO!!!
- Hoje, 30 de julho, 105 anos de Mario Quintana!
- interrompido
- A DAMA INDIGNA!
- HOJE!!!
- poema meu
- SYLVIA PLATH E TED HUGHES
- Renato de Mattos Motta
- HILDA HILST, do livro "Alcoólicas", 1990.
- Terça-feira, dia 26!!!
- FOTOS DO SARAU
- O SARAU DE ONTEM
- AMANHÃ, QUARTA, TEM SARAU NO QUARTO!!!
- HILDA HILST
- Poetas no Castelinho
- AOS MESTRES COM CARINHO - II
- Meus contos
- HOJE!!!
- CECÍLIA MEIRELES, em "Viagem" (1939)
- PAULO LEMINSKI
- Mais Florbela Espanca, em SONETOS.
- HOJE!!!
- SARAU LITERÁRIO ZONA SUL
- SONETOS, de Florbela Espanca.
- Da poeta Roselaine Funari, no livro POEMA FAZ SENT...
- José Antonio Pinheiro Machado
-
▼
julho
(26)