domingo, 20 de janeiro de 2013
Vinicius de Moraes, "Livro de Sonetos" (Companhia das Letras, 2007, 2ª edição).
O VERBO NO INFINITO
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e, se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
Rio, 1960
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário