segunda-feira, 14 de junho de 2010

OU ENTÃO O CONTRÁRIO, de Paulo Hecker Filho

Deve ser uma coisa qualquer.
Ou então o contrário.

Duende mais que mulher,
dás-me a culpa dum falsário.

De perto, ainda mais distante,
você nunca está perante.

Seus olhos singram seus olhos,
soçobro em ânsia de âncoras.

Nasce o amor. É uma criança.
Eu acudo. Nem o viste.

Teu beijo só em mim persiste,
que em ti se dá e desiste.

O amor se cala e se faz.
O amor se fala e desfaz.

Mas pode ser o contrário.
Nunca sei e não avisas.

Vens velejando sem leme,
talvez já fora do barco.

Mas o afogado sou eu,
que, se te vê, precedeu.

Se fosses menos mulher...
Se eu fosse menos precário...

Deve ser uma coisa qualquer.
Ou então o contrário.

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