quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Do Arrebatamento


Saiu na Gazeta do Sul, de Santa Cruz, em 09/12. Texto do poeta, jornalista e editor Romar Beling.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

De Jorge Rein


Feliz com o comentário do excelente escritor e poeta Jorge Rein sobre meu recém-lançado livro de poesia DO ARREBATAMENTO:


  

DO ARREBATAMENTO DE LER CRISTINA MACEDO

A morte mais extrema é a ausência de desejo. O resto são exéquias, burocracias do espírito e do corpo para preencher o espaço do percurso terreno. O desejo palpita, dá vida a cada verso de Cristina Macedo na sua obra “Do Arrebatamento”.

Hilda Hist está presente no livro, da epígrafe ao colofão, mas não como um espelho, porque Cristina demonstra ter uma luz e uma voz inconfundíveis, sua própria melodia, seu ritmo e seu particular repertório imagético. A identidade limita-se à que existe entre duas partituras diferentes para o mesmo instrumento.

E mais não conto, que não há diário de bordo que possa substituir a experiência da viagem, que é sempre individual, pessoal e intransferível. É chegando ao destino que enfim nos encontramos, ou que, definitivamente, nos perdemos. Seja qual for o caso, eu recomendo.

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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Zero Hora


Nota na coluna CONTRACAPA, de Roger Lerina, na Zero Hora de hoje, dia 30/11!


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A capa de meu livro!



Esta é a capa de meu 1º livro solo de poesia, que será lançado no dia 05/12!!!


domingo, 1 de novembro de 2015

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

61ª Feira do Livro de Porto Alegre



Estarei lá, com meu Sarau Literário Zona Sul!


sábado, 17 de outubro de 2015

Carlos Drummond de Andrade



Nunca vou cansar de ler Drummond. O poema abaixo é de seu livro póstumo O AMOR NATURAL:


São flores ou são nalgas
estas flores
de lascivo arabesco?

São nalgas ou são flores
estas nalgas
de vegetal doçura e macieza?

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O patrono



Poema de autoria de Dilan Camargo, recentemente escolhido como Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, que vai acontecer de 30 de outubro a 15 de novembro de 2015.

O poema está no livro A FALA DE ADÃO (Mercado Aberto, 2000), esgotado, mas que será republicado durante a Feira:


MILAGRES DE AMOR

Podem ser olho que lume
chama de vela eterna
beijo depois do queixume
a carícia que se alterna

Podem ser esse perfume
de líquidos e de esperma
rumor de amor em cardume
movendo o moinho das pernas.


Dilan Camargo e eu, em uma das edições do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, 2014.

domingo, 27 de setembro de 2015

Sarau Literário Zona Sul


No último dia 24 de setembro, apresentei a 50ª edição do Sarau Literário Zona Sul, UMA NOITE RUSSA, a convite da Associação Amigos do Palacinho, cuja presidente é a poeta Cleonice Bourscheid.

O evento realizou-se no belo Salão Mourisco, Biblioteca Pública do Estado. Sua diretora, Morganah Marcon, esteve presente, prestigiando o sarau.

Decidi, nesta edição, homenagear a poeta russa Marina Tsvetáieva (1892-1941), considerada uma das maiores poetas russas do século XX.

Palavras de Boris Schnaiderman, um de seus tradutores, sobre os versos de Marina:

"São concisos, ásperos, severos, de uma severidade que se alterna com certa tendência para o fluente e o musical, certamente dos mais belos e realizados da poesia russa deste século". (Poesia Russa Moderna, de Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman, Editora Perspectiva, 6ª edição, 2001).

Convidei os músicos da Ospa, Villi&Filipe para apresentarem, ao violino e violoncelo, música russa erudita e popular. Eles fizeram uma bela seleção, começando por Tchaikovsky, passando por Anton Rubinstein e Ivan Kozlovsky, entre outros compositores russos.
Como Marina teve que deixar a Rússia, e viveu na Tchecoslováquia e na França, os músicos apresentaram também HUMORESKE, do compositor tcheco Dvorak e JE NE REGRETTE RIEN e HYMNE À L'AMOUR, de Edith Piaf.


A seguir, dois poemas de Marina Tsvetáieva, ambos de 1918:

A roupa branca eu lavo no rio,
Duas florzinhas eu crio.

Toca o sino - eu me persigno.
No tempo da fome - me afino.

A alma e o cabelo - como seda.
Mais cara que a vida - a boa vereda.

Cumpro fiel a minha obrigação.
- Mas amo você - lobo e ladrão.



Se a alma nasceu alada -
Cabanas ou palácios, não são nada!
Gengis Khan, a Horda - o que são, no fundo?
Meus, há dois inimigos no mundo,
Dois gêmeos - indissoluvelmente amarrados:
A saciedade dos satisfeitos - e a fome dos esfomeados!

                                                      (Tradução de Aurora Bernardini)



Cleonice Bouscheid e eu, pouco antes do início do sarau, em foto de Alfredo Aquino



A violinista Villi e eu recebemos flores ao final do sarau (foto de Alfredo Aquino)


Os músicos Villi&Filipe e eu (foto de Ana Mello)


Filipe, eu, Villi, Morganah Marcon, Carmen Presotto, Cleonice Bourscheid, Alfredo Aquino


Os músicos, Villi&Filipe, e eu (foto de Alfredo Aquino)

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Lara de Lemos (1923-2010)




Poemas Esparsos (1999 - 2000)


Haicai

Sinto-me oblíqua
como o voo de pássaros
no azul da nuvens.


Anunciação

O verão se anuncia
nos pêssegos maduros
nos jardins perfumados
no rumor das asas
nas cigarras que cantam
como violinos desafinados.

As estações se sucedem.
Permanece apenas
o coração angustiado.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

domingo, 23 de agosto de 2015

Presente!



Meu querido amigo, o excelente poeta Paulo Roberto do Carmo, presenteou-me com o poema abaixo, pela passagem de meu aniversário:


RECOMEÇAR

                  para Cristina Macedo

A vida é curta,
dura um soluço.
O sonho duma noite
nunca é constante.
Morre o ano,
nasce um desejo
e recomeçamos
tudo outra vez.
O susto na garganta
a bocejar o dia inteiro
espera outro ano,
outro morto,
outra esperança...
E nos persuadimos
de que estamos
vivos e felizes
em nome do amor.

(Paulo Roberto do Carmo - 19/08/2015)

Obrigada, poeta! Beijo, Rosa!

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Marina Tsvetáieva


Marina é poeta russa. Nasceu em Moscou, em 1892 e suicidou-se em 31 de agosto de 1941.

Do livro INDÍCIOS FLUTUANTES, (Editora Martins Fontes, 2006), tradução de Aurora F. Bernardini, seu poema

"Agosto - astros"

Agosto - astros,
Agosto - estrelas,
Agosto - cachos
De uva e sorva
Tosco - agosto!

Socadinho, bem-amado
Qual criança e sua maçã,
Imperial, brincas, agosto.
Com teu nome imperial
Alisas, palma, o coração:
Agosto! - Coração!

Mês dos últimos beijos,
Dos últimos raios, das últimas rosas!
Dos dilúvios de estrelas -
Agosto! - Mês
Dos dilúvios de estrelas!

(7 de fevereiro de 1917)





terça-feira, 28 de julho de 2015

Ana Cristina Cesar (1952/1983)


Em Inéditos e Dispersos - Poesia/Prosa, 1985:


imagino como seria te amar

teria o gosto estranho das palavras
que brincamos
                        e a seriedade de quando esquecemos
quais palavras

imagino como seria te amar:
desisto da ideia numa verbal volúpia
e recomeço a escrever
                                     poemas.



psicografia

Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto



quarta-feira, 22 de julho de 2015

Diego Grando


sétima do singular (Não Editora, 2012) é o 3º livro de poesias de Diego Grando, que nasceu em Porto Alegre, em 1981.

Antes publicou Desencantado carrossel (2008) e 25 Rua do Templo (2010), ambos também pela Não Editora.

Abaixo, poemas do sétima do singular:


Por que não fumo

Fumar é o natural império
de ver a vida por inteiro
do fiat lux ao cemitério
continuamente no cinzeiro
a vida fugidia e sólida
ritual e corriqueira
eternamente renovada
na próxima tragada.


Telemarketing

A operadora quando chega em casa
leva inocente no peito e no jeito
repetidos hábitos laborais

Ao namorado que pede atenção
carinho, palavra e algo mais
"Sr. meu querido" diz ela
voz bem posta e articulada
"em seguida vou estar lhe amando"

E passa imediatamente
à próxima chamada


Entreato

O silêncio nasce quando os olhos abrem
e as palavras com os pelos arrepiados
ainda têm a consistência do gemido e sabem
                                  (garganta seca
                                  boca escassa
                                  glote presa)
o exato preço de sua imprecisão:
instintivo intuito de fugir do assunto
e deixar que se evapore
o líquido lusco-fusco
entre os lençóis e a razão

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Sarau Literário


A 48ª edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL aconteceu no último dia 09, no Iaiá Bistrô, homenageando Sergio Napp.

Cláudio Vera Cruz, compositor, intérprete, violonista, apresentou várias canções que fez em parceria com Napp, a maioria delas inéditas.



Li poemas de Napp de seus livros Memória das Águas (2002), Caixa de Guardados (2006) e Das Travessias (2009).

Inúmeros poetas, num segundo momento do sarau, fizeram também sua homenagem a Sergio Napp, com leitura de poemas e crônicas.

Iaiá Bistrô lotado para o sarau


Foi muito bom! Obrigada a todos!

sábado, 4 de julho de 2015

Sarau Literário Zona Sul


Aperitivo poético para a 48ª edição do sarau, que vai homenagear Sergio Napp. De sua autoria,


nunca houve cerejas à mesa

o gosto rondando a boca
caldo entranhando-se entre dentes
e imaginação
mãos úmidas de vermelho
olhos fechados sob a figueira na rede
cerejas cerejas cerejas

havia guabijus


domingo, 28 de junho de 2015

Sarau Literário Zona Sul!



Mais uma edição do sarau chegando!!!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Adélia Prado!


Que belo texto!



Erótica é a Alma
  Adélia Prado

Todos vamos envelhecer... Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. 

A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. 

E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar. Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. 

Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios. Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.

 Aprenda: bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.

 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

12 de junho!



No Dia dos Namorados, poema de Hilda Hilst, do livro AMAVISSE:


II

Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro

Um arco-íris de ar em águas profundas.

Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.

Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Exposição!



Da excelente artista plástica Marta Penter,


sexta-feira, 29 de maio de 2015

Sergio Napp!

No dia em que ele foi fazer poesia e música  no céu, minha homenagem a Sergio Napp, através de dois de seus poemas.

Do livro "das Travessias" - volume II - poesia & letra de música (WS Editor - Porto Alegre, 2009):


XVII

diante do amor
me calo

de silêncios alimenta-se o amor
em suas viagens

canções de vento na floresta
discreto voo de garça
crepitar de fogo na lareira

diante do amor
não falo



XXIV

pitangas e romãs é o que me pedes
e tenho apenas sal

noites mal dormidas
revoada de passos nos quintais
roupas sonolentas nos varais
frio de quem espera

me pedes beijos e entregas
e tenho o olhar
de quem provou da vida
e não guardou o gosto

perdoa



Napp e eu em sarau literário, lendo sua poesia

sexta-feira, 22 de maio de 2015

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Michelle Buss e Vanessa Conz



São duas jovens poetas e seus primeiros livros, lançados em 2014: Michelle Buss, com MOSAICOS (Editora Patuá) e Vanessa Conz, com A RÉ DOS PONTEIROS (Editora Buqui).

Abaixo, dois poemas de cada uma delas, em que exploram, entre outros elementos, a memória e a natureza:


Acordo.
Descubro o novo nas horas.
Acendo o sol
para que meus olhos bebam
filamentos de cores
que explodem em luz.
Tomo um café
para não perder o costume.
Consulto os ventos
e então pego meu rastelo
para alinhar as nuvens
que amanheceram tortas. (Michelle Buss)



Folhas que caem

Uma memória que se desfez,
que o tempo amarelou,
desprende-se do galho
e cai de mansinho.
Retorno insípido
para o grande solo da existência. (Michelle Buss)


A poeta Michelle Buss






Inverno

ouçam:
o vento chora
nas orelhas da porta

a menina lá fora
despinta as árvores
com bergamotas

suas caligrafias
dissolvem a geada
- o sono dos carros

ela não sabe
que dentro de si
congelará estas memórias frias (Vanessa Conz)




Manhã

de tanto azul
a tarde parou e
espiou o escorrer da manhã

uma brisa leve
penteia telhados embaraçados
pelos gatos

há céu nos seus olhos

em manhã dessas
vento algum levará os sonhos (Vanessa Conz)


A poeta Vanessa Conz


sexta-feira, 24 de abril de 2015

47º SARAU LITERÁRIO ZONA SUL



A 47ª edição do sarau aconteceu na Feira do Livro Zona Sul, no dia 11 de abril.

Meu convidado foi o poeta Mario Pirata. Abaixo, dois poemas de seu livro mais recente, VENTONAVEIA (ScripTorium, 2014), que ele e eu lemos no sarau:


ALGUNS OLHARES TE SEGUEM

alguns olhares te seguem
por todos os lugares
são altares alguns olhares
carregam mares e gritam
não importa o que falares
alguns olhares esvaziam
o que carregares e mudam
a cor dos ares alguns olhares
são únicos e também milhares




DIA DOS NAMORADOS

o amor
que me deram
eu não perdi
guardei

o que foi feito
com o que de mim
ganharam
não sei


Pirata dizendo seus poemas no Sarau Literário Zona Sul



E eu, lendo Pirata, no mesmo sarau


As fotos são de Jaqueline Custódio.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Eduardo Galeano!


         
    EDUARDO GALEANO (Uruguai - 1940/2015)


    JANELA SOBRE UMA MULHER I

 
    Essa mulher é uma casa secreta.
    Em seus cantos, guarda vozes e esconde fantasmas.
    Nas noites de inverno, jorra fumaça
    Quem entra nela, dizem, não sai nunca mais.
    Eu atravesso o fosso profundo que a rodeia.
    Nessa casa serei habitado.
    Nela me espera o vinho que me beberá.
    Muito suavemente bato à porta, e espero.


quinta-feira, 2 de abril de 2015

segunda-feira, 23 de março de 2015

quinta-feira, 12 de março de 2015

terça-feira, 3 de março de 2015

Em comemoração ao Dia da Mulher!

 
 
 
 


Farei lá uma micro edição do SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, lendo Hilda Hilst! A coordenação é de Laura Rangel, da RODA DE LEITURAS.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Oficina de Poesia!


Na oficina de Poesia Erótica, ministrada pela poeta Paula Taitelbaum nos meses de janeiro e fevereiro de 2015 (Studio Clio), fizemos, entre tantos outros, exercícios de criação de haicais. Alguns de minha autoria:


carne morena
nas coxas
açucena


boca de cena
no lábio das duas
amor de cinema


seio carmim
mornos poros
agridoce festim


mundo afora
goza a gueixa
sabor ameixa

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Barreto Poeta!


Do livro BICHO HOMEM  (Gente de Palavra Microeditora, Porto Alegre, 2014):


Roleta de Poeta

Nos vãos
mais íntimos
onde as colinas
macias
do prazer
se encontram
em recôncavo e vértice,
é ali, perigosamente ali
que o Poeta se diverte.


Ex-pássaro

Cortou o espaço
como uma ave
ou um Boeing.
Depois,
espatifou-se no chão
como um merengue.
Louco,
alimentava sonhos
de voar.
Por um pouco
quase que flutuou no ar.
Por um pouco...



sábado, 24 de janeiro de 2015

Manoel de Barros


Em Poesias,


10.

Inocência animal exercida
Nessa tarde que abriga violetas
E éguas cobertas. Água esquiva.
Nitidez de sábado.
Chover nos braços de alguém!
E essa espera nunca interrompida
De ser levada, de ser arrastada
Com as mãos. Claros jardins!
Dia de ficar em casa
Dentro do corpo - como em seu estojo
Um instrumento.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Élvio Vargas


Iniciando o ano de 2015 com a poesia do alegretense Élvio Vargas (1951), que tem publicados  O ALMANAQUE DAS ESTAÇÕES (1993), ÁGUA DO SONHO (2007) e ESTAÇÕES DE VIGÍLIA E SONHO - Poesia Reunida com Inéditos - (2012).




De autoria de Élvio, poema escrito ontem, dia 31/12/2014:




                                  Tripulantes

 
                               Agudas sombras
                               recortes de azuis
                               cálices de nuvens
                               derramam no convés
                               luzes findas
                               do ano que prepara-se
                               para viajar.
                               Ao expiarmos pelas escotilhas
                               olhamos a mesa posta
                               a orquestra retocando
                               sua partitura inacabada.
                               Alva é a toalha da mesa
                               engomados estão os sonhos
                               rápida move-se a esperança
                               para burlar a escala dos tripulantes.
                               Os pesados remos do relógio
                               não alinham-se
                               e congelam a festa.
                               Quem estava vivo
                               esqueceu
                               os mortos seguiram
                               brindando.
                               Feliz, atônita e apaixonada
                               foge a menina
                               pela minúscula porta
                               quase inundada
                               pela água do crepúsculo...

 

                             

                              

 

                        

                                                            

 

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