A sensibilidade do poeta Élvio Vargas, sobre a tragédia de Santa Maria:
KISS
Uma lenta e
silenciosa agonia
ancorada no cais
da minha insônia.
Celulares mortos
velados
pelo desespero
dos vaga-lumes.
Sapatos coloridos
atracados
num pequeno rio
represado por
destroços, fuligem e fogo.
Têm um íntimo
parentesco
com aqueles que
calçavam
os imolados em
Treblinka
asfixiados em
câmara de gás.
Pequeninas bolsas
pênseis em braços
inermes
com um batom para
enfeitar
o lábio quase
frio
ainda aquecido
pelo ardente
beijo que nem
sonhava
ser o último.
Uma latinha de
cerveja solteira
seca, sonâmbula
na indecisão de sua
própria sede.
Líquidos que não
eram de batismo
luzes que não
mais pertenciam
aos spots deste
mundo.
Seda, jeans,suor
esperanças e
sonhos
sumariamente
descartados do catálogo.
Felicidades
desfeitas
pelos grilhões
dos labirintos.
A névoa agravada
de Moisés
atingindo os
primogênitos
e todos os outros
logo após a hora
cheia
quando o Titanic
começou agonizar.
Kiss, dreams and flowers...
Élvio Vargas
O poeta Élvio Vargas |
grande Élvio! belo post, Cris.
ResponderExcluirQue poema lindo, não, Ju? Beijos.
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