quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Gabriela Mistral!
SUAVIDADES
Cuando yo te estoy cantando,
en la Tierra acaba el mal:
todo es dulce por tus sienes:
la barranca, el espinar.
Cuando yo te estoy cantando,
se me acaba la crueldad;
suaves son, como tus párpados,
la leona y el chacal!
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Vinicius de Moraes!
SONETO DA MULHER AO SOL
Uma mulher ao sol - eis todo o meu desejo
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
A flor dos lábios entreaberta para o beijo
A pele a fulgurar todo o pólen da luz.
Uma linda mulher com os seios em repouso
Nua e quente de sol - eis tudo o que eu preciso
O ventre terso, o pelo úmido, e um sorriso
À flor dos lábios entreabertos para o gozo.
Uma mulher ao sol sobre quem me debruce
Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente
E que ao se submeter se enfureça e soluce
E tente me expelir, e ao me sentir ausente
Me busque novamente - e se deixa a dormir
Quando, pacificado, eu tiver de partir...
A bordo do Andrea C., a caminho da
França, novembro de 1956
Pois é, o sal, o sol e o mar. É pra lá que eu vou. Até a volta!
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Sylvia Plath!
Há exatos 50 anos, a poeta norte-americana se suicidava.
ARIEL, sua obra máxima, em tradução minha e de Rodrigo Garcia Lopes.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Cinema!
Poesia!
A sensibilidade do poeta Élvio Vargas, sobre a tragédia de Santa Maria:
KISS
Uma lenta e
silenciosa agonia
ancorada no cais
da minha insônia.
Celulares mortos
velados
pelo desespero
dos vaga-lumes.
Sapatos coloridos
atracados
num pequeno rio
represado por
destroços, fuligem e fogo.
Têm um íntimo
parentesco
com aqueles que
calçavam
os imolados em
Treblinka
asfixiados em
câmara de gás.
Pequeninas bolsas
pênseis em braços
inermes
com um batom para
enfeitar
o lábio quase
frio
ainda aquecido
pelo ardente
beijo que nem
sonhava
ser o último.
Uma latinha de
cerveja solteira
seca, sonâmbula
na indecisão de sua
própria sede.
Líquidos que não
eram de batismo
luzes que não
mais pertenciam
aos spots deste
mundo.
Seda, jeans,suor
esperanças e
sonhos
sumariamente
descartados do catálogo.
Felicidades
desfeitas
pelos grilhões
dos labirintos.
A névoa agravada
de Moisés
atingindo os
primogênitos
e todos os outros
logo após a hora
cheia
quando o Titanic
começou agonizar.
Kiss, dreams and flowers...
Élvio Vargas
O poeta Élvio Vargas |
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Carnaval
O poema é de minha autoria, feito a partir de um convite da poeta Adriana Bandeira, para um evento em Montenegro. Isso foi há 3 ou 4 anos.
Aí vai ele:
Carnaval
Máscara nacarada
na cara da noite
cravada
insana mente
ser Colombina
de mil Pierrôs
e mil Arlequins
Colombina plena de purpurina!
Eis meu eu fora de mim.
Juliana Meira
A poeta, que nasceu em Carazinho, e que já havia publicado POEMA DILEMA (Editora Porto Poesia, 2009), lançou seu 2º livro em 2012, pela Série INSTANTE ESTANTE, que tem a curadoria de outra poeta, Sandra Santos (Castelinho Edições).
A poesia da Ju, como ela é carinhosamente chamada, é, ao mesmo tempo, forte e suave, original e encantadora, competente sempre!
Poemas da Juliana Meira estão também na 2ª edição da Revista de Poesia "Z", de agosto/setembro de 2012, editada por Paco Cac.
Alguns versos abaixo, pequena amostra do talento da poeta:
nesse poema
existem dez desertos
num oásis
ou quase
talvez receasse
o salto
fato
querendo viver viveu
do décimo ao
asfalto
o poema
sabe o tempo
flor rústica
surgindo ao relento
desejo o poema
que lembre a cena
na sessão das dez e quarenta
desejo o poema
reprise do nosso beijo
de cinema
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