Um poema natalino de autoria do poeta alegretense Élvio Vargas!
O Êxodo do Hebreu
Aquelas luzes: belas, brancas, coloridas
são lágrimas de menino
que viraram contas de vidro.
À medida que o tempo
vai passando
adensa-se este nevoeiro.
Trago no corpo
estranhas cicatrizes
de extintos natais.
Decidi ser árvore
nesta ressequida floresta
para extração de enfeites.
Baltazar, Melchior e Gaspar
foram dispensados.
Ungi-me com o doce aroma dos incensos
mirrei-me para encurtar a saga do deserto.
Todo o ouro que ganhei
investi na melhor oferta
num leilão de camelos.
Desviei para Damasco
o cometa do anúncio.
Rompi com meu Pai
e assumi o risco do
livre- arbítrio.
Madalena conhece
a pedra, o córrego e o arbusto.
Paisagem que sinaliza
a rota da fuga.
O vento reescreve as dunas
só não dissolve
os sinais que revelam
as escrituras do vale.
Nos grãos de areia
estão as letras do evangelho apócrifo.
Espero do céu
nossa ração de maná...
Élvio Vargas
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