sexta-feira, 2 de julho de 2010

HILDA HILST

Do desejo

       I 

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois, nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso,lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog