Volto em março, mas deixo aqui um poema de Emily Dickinson, traduzido por Ivo Bender.
Invejo os mares, onde ele navega -
Invejo as rodas e os aros
Das carruagens, que o levam -
Invejo as colinas encurvadas
De sua jornada, testemunhas -
Todas as coisas podem mirar
O que me é proibido
Como o céu, que me é fechado!
Invejo os ninhos das corruíras,
Que pontuam seus distantes beirais -
Em sua vidraça, a opulenta mosca -
As tão felizes ramagens,
Que frente à sua janela
Teem permissão do estio para brincar -
O que nem os brincos de Pizarro
Poderiam me proporcionar.
Invejo a luz, que o desperta
E os sinos que soam irreverentes
E lhe dizem que, além, a meio vai o dia -
Mas que o seu meio-dia sou eu;
Interdita, porém, é minha florada
E se aniquila a minha abelha -
Para que o dia pleno não precipite
A mim e a meu anjo em noite eterna.
A Poesia de Emily Dickinson é gostosa, asa de passarinho em pleno voo de avião a jato, nos ouvidos do leitor; embora elíptica na curva da sintaxe -- é sensacional o que ela fez!
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