sábado, 24 de janeiro de 2015
Manoel de Barros
Em Poesias,
10.
Inocência animal exercida
Nessa tarde que abriga violetas
E éguas cobertas. Água esquiva.
Nitidez de sábado.
Chover nos braços de alguém!
E essa espera nunca interrompida
De ser levada, de ser arrastada
Com as mãos. Claros jardins!
Dia de ficar em casa
Dentro do corpo - como em seu estojo
Um instrumento.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
Élvio Vargas
Iniciando o ano de 2015 com a poesia do alegretense Élvio Vargas (1951), que tem publicados O ALMANAQUE DAS ESTAÇÕES (1993), ÁGUA DO SONHO (2007) e ESTAÇÕES DE VIGÍLIA E SONHO - Poesia Reunida com Inéditos - (2012).
De autoria de Élvio, poema escrito ontem, dia 31/12/2014:
Tripulantes
cálices de nuvens
derramam no convés
luzes findas
do ano que prepara-se
para viajar.
Ao expiarmos pelas escotilhas
olhamos a mesa posta
a orquestra retocando
sua partitura inacabada.
Alva é a toalha da mesa
engomados estão os sonhos
rápida move-se a esperança
para burlar a escala dos tripulantes.
Os pesados remos do relógio
não alinham-se
e congelam a festa.
Quem estava vivo
esqueceu
os mortos seguiram
brindando.
Feliz, atônita e apaixonada
foge a menina
pela minúscula porta
quase inundada
pela água do crepúsculo...
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