quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Maiakóvski


Do capítulo EU MESMO, no livro POEMAS (Ed. Perspectiva, 2011, 8ª edição)

 

 

Tema

Sou poeta. É justamente por isto que sou interessante. E sobre isto escrevo. Sobre o restante: apenas se foi defendido com a palavra.


Primeiro Livro

Não sei que Passarinheira Agáfia. Se tivesse então encontrado alguns livros daqueles, deixaria de ler para sempre! Felizmente, o segundo foi Dom Quixote. Isto é que é livro! Fiz uma espada de madeira e armadura e aniquilava tudo ao redor.

(Tradução de Boris Schnaiderman)




 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Lara de Lemos (1923/2010)



Haicais


I
A angústia
é um pássaro de asas
cortadas.

II
Da larva nasce o inseto
que voa seu vôo leve
belo, branco, breve.

III


Rezar o credo
ressuscitar a fé
crer no remédio.



Haicai

Sinto-me oblíqua
como o vôo de pássaros
no azul das nuvens.




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sylvia Plath!


Hoje é aniversário da morte de Sylvia Plath, que suicidou-se em 11 de fevereiro de 1963, em Londres. Sylvia nasceu em Boston, em 1932.

ARIEL é considerada sua obra mais importante. Rodrigo Garcia Lopes e eu  traduzimos o livro, que foi publicado pela Verus Editora, em 2007.

 

Abaixo, o poema TALIDOMIDA, no original e em nossa tradução:

Thalidomide

O half moon -

Half-brain, luminosity -
Negro, masked like a white,

Your dark
Amputations crawl and appal -

Spidery, unsafe.
What glove

What leatheriness
Has protected

Me from that shadow -
The indelible buds,

Knuckles at shoulder-blades, the
Faces that

Shove into being, dragging
The lopped

Blood-caul of absences.
All night I carpenter

A space for the thing I am given,
A love

Of two wet eyes and a screech.
White spit
 
Of indifference!
The dark fruits revolve and fall.

The glass cracks across,
The image

Flees and aborts like dropped mercury.



Talidomida

Oh, semilua -

Semicérebro, luminosidade -
Negro, mascarado de branco,

Suas escuras
Amputações rastejam e assustam -

Aranhiças, inseguras.
Que luva

Que espécie de couro
Me protegeu

Daquela sombra -
Os botões indeléveis,

Nós nas omoplatas, os
Rostos que

Empurram para ser, arrastando
O podado

Âmnio sangrento das ausências.
Toda noite eu teço

Um espaço para o que me é dado,
Um amor

De dois olhos úmidos e um grito.
Branca secreção

Da indiferença!
Os frutos escuros giram e caem.

O vidro se espatifa,
A imagem

Foge e aborta como gotas de mercúrio.


Os poetas Sylvia Plath e Ted Hughes








sábado, 8 de fevereiro de 2014

Hilda Hilst sempre!!!


Do livro JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO,


Dez chamamentos ao amigo

V

 

Nós dois passamos. E os amigos
E toda minha seiva, meu suplício
De jamais te ver, teu desamor também
Há de passar. Sou apenas poeta

E tu, lúcido, fazedor da palavra,
Inconsentido, nítido

Nós dois passamos porque assim é sempre.
E singular e raro este tempo inventivo
Circundando a palavra. Trevo escuro

Desmemoriado, coincidido e ardente
No meu tempo de vida tão maduro.