sexta-feira, 8 de março de 2013

Armindo Trevisan!


POESIAS ESCOLHIDAS, Editora Pradense, 2011.


ELA SE DESPE

Ela se despe rindo. Sua roupa
cai sobre a areia, como sons fugindo
de um oboé que alguém, de noite, sopra.
Semi-eriçado, o corpo dela, abrindo
as coxas à garupa azul do mar,
me obriga dentro dele a respirar.




ÀS VEZES

Às vezes te compara a uma maçã
acariciada por um vão reflexo.
Ele te vê imóvel, de manhã.
Outras vezes, o bosque de teu sexo
o faz pensar num vaso Song, da China.
E és mais imóvel. Tua cintura fina
transporta-o para junto dos bambus.
Que importa que lhe lembres uma ave
se o teu torso, que já conhece nu,
a nada se assemelha? Ou és uma ave,
que esconde o voo nas asas, e sozinha
flutuas até mesmo na cozinha?

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