Foi um sucesso a 38ª edição do sarau, modéstia à parte! Casa cheia (faltou lugar no salão principal), poesia de alta qualidade de Cecília Meireles, lida por Liana Timm, Flora Figueiredo, por Lota Moncada, Hilda Hilst, lida por mim, e Marina Colasanti, por Berenice Sica Lamas. Os convidados foram unânimes em ressaltar a bela e equilibrada seleção de poemas. Na abertura do sarau, fiz uma homenagem aos jovens mortos na tragédia de Santa Maria, através do poema KISS, de Élvio Vargas (já postado aqui no blog) que, como falei lá, foi um dos textos de maior sensibilidade que li sobre o incêndio. Fazendo "gancho" com o episódio, Berenice relembrou do incêndio de Nova York, no séc.XIX, que acabou dando origem ao Dia Internacional da Mulher.
Depois disso, fomos à leitura dos poemas, entremeada com um pouco de bate-papo, onde cada poeta explicou o porquê de sua escolha da poeta homenageada.
Eu, se me perguntassem, diria da minha escolha de Hilda Hilst, pelo arrebatamento de sua poesia, pelo erotismo e intensidade que seus versos revelam. É das poesias que mais gosto de ler!
Pra não perder o hábito, poema de Hilda do livro DO DESEJO:
V
Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por que? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.
Berenice Sica Lamas, Lota Moncada, eu e Liana Timm no sarau |
Nós 4 ao fundo, Berenice lendo e o público no sarau |