quinta-feira, 29 de novembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
"Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão", de Hilda Hilst.
O POETA INVENTA VIAGEM, RETORNO, E SOFRE DE SAUDADE
XI
Túlio, melhor é te ensinar a conhecer
Essa coisa do amor, porque entendi
Que amor não se fez no teu peito imaturo.
Se tens cinquenta anos, e eu quarenta e três,
Em mim há muitas dores, tantas
Quanto te espantas do meu bem-querer. Túlio.
Quando se ama, rubor e lividez, banalidade
E chama, se alternam, como em certas tardes
Tu vês a chuva, o chão de terra lavado,
E num segundo nem há sombra de águas
E vês o sol oblíquo, enviesado, uma luz
Quase ferida, para os teus olhos recentes
De umas águas. E há sentires plangentes,
Agonias, um não dizer inflamado, uma febre
Marejada de poesia.
E tudo o que eu te digo, tecido de palavras,
Porque te amo tanto, Túlio, disse nada.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Luiz Coronel!
"Vinte poemas de amor e uma balada indagativa", Editora Gazeta, 2012.
Assim como quem chega...
Quero chegar ao teu corpo
qual jardineiro ao jardim:
nos teus canteiros macios,
aroma de cravo e jasmim.
Quero chegar ao teu corpo
qual marinheiro ao navio:
a âncora das lembranças
soltou-se quando partiu.
Eu quero ser, em teu corpo,
um relojoeiro em ação:
escuto atento e preciso
as batidas do teu coração.
Quero chegar ao teu corpo
qual um circo pequenino:
ergues a lona das saias,
sou acrobata e bailarino.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Dilan Camargo, no livro EM MÃOS III, L&PM Editores, 2012.
TRÊS EM NENHUM
A poesia?
Esse disfarce da razão
máscara da luz do dia
só para pular seu carnaval?
Os poetas?
Os que usam a língua a conta-gotas
esses filhos da luta com a preguiça
que abusam das palavras incompletas?
Os leitores de poesia?
Essa imensa minoria*
mantida à míngua
de nenhuma palavra por dia?
*Juan Ramón Jimenez.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Hilda Hilst!
ALCOÓLICAS
v
Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado
Salpicado de negro, de doçuras e iras.
Te amo, Líquida, descendo escorrida
Pela víscera, e assim esquecendo
Fomes
País
O riso solto
A dentadura etérea
Bola
Miséria.
Bebendo, Vida, invento casa, comida
E um Mais que se agiganta, um Mais
Conquistando um fulcro potente na garganta
Um látego, uma chama, um canto. Ama-me.
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos
Quando não sou líquida.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
EM MÃOS III
O livro foi lançado na 58ª Feira do Livro de Porto Alegre. Organizado por José Eduardo Degrazia, reúne os poetas César Pereira, Dilan Camargo, Humberto Zanatta, Paulo Roberto do Carmo, Selvino Heck, Tarso Genro, Umberto Guaspari Sudbrack, além do próprio Degrazia.
De Sudbrack, o poema
GAÚCHO URBANO
Cresci sem campo
açude
cavalo
mas tive bicicleta
e o Guaíba
O centro da cidade
foi meu
soldado e ladrão:
metralhava o inimigo
na rua da Praia
Hoje vou
do escritório ao fórum
assustado
entre pastas, paletós
anéis de grau
Discretamente
planejo a fuga.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Sarau PALAVRA VIVA!
Participei, ontem, do Sarau Palavra Viva, de Zaira Cantarelli e grupo, no Território das Escolas, Cais do Porto. A atividade fazia parte da programação da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Adorei estar lá e ver tanta gente, crianças, jovens e adultos curtindo poesia!
Abaixo, fotos do momento em que eu dizia meu poema, feitas por Michelle Hernandes.
Poetas Renato de Mattos Motta, Zaira Cantarelli (a "dona da festa") e eu |
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Sarau no Cais do Porto!
Convite abaixo enviado pela poeta Zaira Cantarelli: sarau amanhã, dia 07, às 19hs, no Território das Escolas, Cais do Porto, dentro da programação da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre. Vou participar com o grupo Gente de Palavra, com todo o prazer!
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Luiz Coronel
Do livro VINTE POEMAS DE AMOR E UMA BALADA INDAGATIVA, de autoria de Luiz Coronel, o poema
Procura
Eu fui buscar, em teu corpo,
amoras recém-colhidas.
Restou, ardendo nos lábios,
um áspero gosto de vida.
Eu quis deixar, em teu corpo,
as marcas do meu desejo.
Se estendo as mãos, não alcanço.
Se fecho os olhos, não vejo.
Em teu corpo, eu procuro
o desvario dos sentidos.
Por vales e montanhas,
venta o vento teus gemidos.
Queria porque queria
desvendar os teus segredos.
A noite me diz: é tarde.
As nuvens respondem: é cedo.
Eu sempre pensei teu corpo
um veleiro sobre as ondas.
Se ouso gritar teu nome,
talvez o eco responda.
Assinar:
Postagens (Atom)