domingo, 24 de junho de 2012

Hilda Hilst

(Mais um dos poemas lidos no SARAU LITERÁRIO ZONA SUL, NO ÚLTIMO DIA 19).



Poema IX, do livro "Amavisse" (do latim, "ter amado").


Amor chagado, de púrpura, de desejo
Pontilhado. Volto à seiva de cordas
Da guitarra e recheio de sons o teu jazigo.
Volto empoeirada de vestígios, arvoredo de ouro
Do que fomos, gotas de sal na planície do olvido
Para reacender a tua fome.

Amor de sombras de ocasos e de ovelhas.
Volto como quem soma a vida inteira
A todos os outonos. Volto novíssima, incoerente
Cógnita
Como quem vê e escuta o cerne da semente
E da altura de dentro já lhe sabe o nome.

E reverdeço
No rosa de umas tangerinas
E nos azuis de todos os começos.


  







 

2 comentários:


  1. no
    amor
    se
    volta
    Hilda e sua letra única.Agradecida pela postagem,Cristina!
    Adriana Bandeira

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    Respostas
    1. Sim, Adriana, a poesia da Hilda é única, realmente!
      Eu te agradeço pelo comentário. Um beijo.

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