O sarau está de volta, depois das férias de verão. Convite abaixo!
quarta-feira, 28 de março de 2012
domingo, 25 de março de 2012
"A Duração do Dia", de Adélia Prado. (Editora Record, 2010)
BALIDO
Setenta anos redondos,
assim não se quebra o verso.
Na verdade tenho mais.
E então?
Respeito me insulta,
repele fantasias de rapto,
namoros no jardim cheirando a malva.
Quero um paranormal a me ensinar piano,
Consuelo dá aulas, mas seu toque é um martelo
e eu venero pianos.
Mãe não rima com nada,
nem velha,
só aparece telha, ovelha, orelha,
nada que preste. Cansei.
Tem um senhor distinto
querendo arrasar meu ego.
Com certeza minto.
Volta e meia estou perplexa
e toda rima que achei é circunflexa.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Jorge Luis Borges
Do livro "Fervor de Buenos Aires" (1923), o poema
despedida
Entre mi amor y yo han de levantarse
trescientas noches como trescientas paredes
y el mar será una magia entre nosotros.
No habrá sino recuerdos.
Oh tardes merecidas por la pena,
noches esperanzadas de mirarte,
campos de mi camino, firmamento
que estoy viendo y perdiendo...
Definitiva como un mármol
entristecerá tu ausencia otras tardes.
terça-feira, 20 de março de 2012
"Shame"
Rainer Maria Rilke
Um poema de Rilke, aproveitando a chegada do outono!
"Selected Poems", Penguin Books, 1972. Tradução de J.B.Leishman.
Autumn Day
Lord, it is time. The summer was so great.
Impose upon the sundials now your shadows
and round the meadows let the winds rotate.
Command the last fruits to incarnadine;
vouchsafe, to urge them on into completeness,
yet two more south-like days; and that last sweetness,
inveigle it into the heavy vine.
He'll not build now, who has no house awaiting.
Who's now alone, for long will so remain:
sit late, read, write long letters, and again
return to restlessly perambulating
the avenues of parks when leaves downrain.
"Selected Poems", Penguin Books, 1972. Tradução de J.B.Leishman.
Autumn Day
Lord, it is time. The summer was so great.
Impose upon the sundials now your shadows
and round the meadows let the winds rotate.
Command the last fruits to incarnadine;
vouchsafe, to urge them on into completeness,
yet two more south-like days; and that last sweetness,
inveigle it into the heavy vine.
He'll not build now, who has no house awaiting.
Who's now alone, for long will so remain:
sit late, read, write long letters, and again
return to restlessly perambulating
the avenues of parks when leaves downrain.
sexta-feira, 16 de março de 2012
14 DE MARÇO!
No Dia Nacional da Poesia, 14 de março, data do nascimento do poeta Castro Alves (1847), Daniela Damaris e Renato de Mattos Motta realizaram mais uma edição do QUARTA TEM SARAU NO QUARTO, em parceria com o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.
Veja notícias sobre o sarau, e muito mais, no blog da Dani: artedepoetizar.blogspot.com
Agradeço aos dois poetas pela leitura de um poema meu, VEIA ÚMIDA, que transcrevo abaixo:
Desejo
assim benfazejo
que fascina
e não decifra
o código
Desejo
que injeta
a seiva
na veia
úmida
na boca
do gozo
Desejo
que provoca
minha fome
no ósculo
e, tosco,
desvela
o promíscuo.
Veja notícias sobre o sarau, e muito mais, no blog da Dani: artedepoetizar.blogspot.com
Agradeço aos dois poetas pela leitura de um poema meu, VEIA ÚMIDA, que transcrevo abaixo:
Desejo
assim benfazejo
que fascina
e não decifra
o código
Desejo
que injeta
a seiva
na veia
úmida
na boca
do gozo
Desejo
que provoca
minha fome
no ósculo
e, tosco,
desvela
o promíscuo.
quarta-feira, 14 de março de 2012
Dia Nacional da Poesia!
Uma homenagem, no Dia Nacional da Poesia, a um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos.
Escolhi transcrever um poema do Carlos Drummond de Andrade erótico. Livro póstumo, "O Amor Natural", 19ª edição em 2011, Editora Record.
SUGAR E SER SUGADO PELO AMOR
Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
Escolhi transcrever um poema do Carlos Drummond de Andrade erótico. Livro póstumo, "O Amor Natural", 19ª edição em 2011, Editora Record.
SUGAR E SER SUGADO PELO AMOR
Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
terça-feira, 13 de março de 2012
"Cais de Cítara", de Daniela Damaris.
Daniela publicou seu primeiro livro de poemas, "Lótus", em 2010, pela Editora Alcance.
O segundo, "Cais de Cítara", foi lançado na Feira do Livro de Porto Alegre de 2011, pela Editora Pradense.
Bela poesia a da Dani!
harpa turva
às vezes dedilho
nas cordas do mundo
as rimas colhidas
em rios de ternura
às vezes te tremo
nos pelos insanos
os versos que canto
em breves sussurros
lilases
em asas lilases
nos ares dos dias
eu bordo as horas
com fios de cetim
matizes de rimas
enfeitam os versos
e rendas de nácar
te guardam canção
em asas lilases
desvendo espaços
com mãos de poema
e olhos florais
me perco em veredas
de vales castanhos
lilases da alma
em marfins e neon
O segundo, "Cais de Cítara", foi lançado na Feira do Livro de Porto Alegre de 2011, pela Editora Pradense.
Bela poesia a da Dani!
harpa turva
às vezes dedilho
nas cordas do mundo
as rimas colhidas
em rios de ternura
às vezes te tremo
nos pelos insanos
os versos que canto
em breves sussurros
lilases
em asas lilases
nos ares dos dias
eu bordo as horas
com fios de cetim
matizes de rimas
enfeitam os versos
e rendas de nácar
te guardam canção
em asas lilases
desvendo espaços
com mãos de poema
e olhos florais
me perco em veredas
de vales castanhos
lilases da alma
em marfins e neon
segunda-feira, 12 de março de 2012
"Leia-me Toda", de Claudia Schroeder. Editora Dublinense, 2010.
sexta-feira, 9 de março de 2012
SONETOS, de Florbela Espanca.
III
Frêmito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...
E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...
Frêmito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teus por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,
Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto a tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que me não amas...
E o meu coração que tu não sentes,
Vai boiando ao acaso das correntes,
Esquife negro sobre um mar de chamas...
Florbela Espanca |
quinta-feira, 8 de março de 2012
Dia Internacional da Mulher!
Uma homenagem a todas as mulheres, pela voz da poeta polonesa Wislawa Szymborska.
Vietnã
Mulher, como você se chama? - Não sei.
Quando você nasceu, de onde você vem? - Não sei.
Para que cavou uma toca na terra? - Não sei.
Desde quando está aqui escondida? - Não sei.
Por que mordeu o meu dedo anular? - Não sei.
Não sabe que não vamos te fazer nenhum mal? - Não sei.
De que lado você está? - Não sei.
É a guerra, você tem que escolher. - Não sei.
Tua aldeia ainda existe? - Não sei.
Esses são teus filhos? - São.
(Tradução de Regina Przybycien)
Vietnã
Mulher, como você se chama? - Não sei.
Quando você nasceu, de onde você vem? - Não sei.
Para que cavou uma toca na terra? - Não sei.
Desde quando está aqui escondida? - Não sei.
Por que mordeu o meu dedo anular? - Não sei.
Não sabe que não vamos te fazer nenhum mal? - Não sei.
De que lado você está? - Não sei.
É a guerra, você tem que escolher. - Não sei.
Tua aldeia ainda existe? - Não sei.
Esses são teus filhos? - São.
(Tradução de Regina Przybycien)
quarta-feira, 7 de março de 2012
Hilda Hilst, no livro "Do Desejo".
VIII
Se te ausentas há paredes em mim.
Friez de ruas duras
E um desvanecimento trêmulo de avencas.
Então me amas? te pões a perguntar.
E eu repito que há paredes, friez
Há molimentos, e nem por isso há chama.
DESEJO é um Todo lustroso de carícias
Uma boca sem forma, um Caracol de Fogo.
DESEJO é uma palavra com a vivez do sangue
E outra com a ferocidade de Um só Amante.
DESEJO é Outro. Voragem que me habita.
terça-feira, 6 de março de 2012
Dia da Mulher!
Todos os dias desta semana, vou postar poemas de poetas mulheres, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher!!!
Gabriela Mistral
Poeta chilena Gabriela Mistral |
DESVELADA
Como soy reina y fui mendiga, ahora
vivo en puro temblor de que me dejes,
y te pregunto, pálida, a cada hora:
" Estás conmigo aún? Ay, no te alejes!"
Quisiera hacer las marchas sonriendo
y confiando ahora que has venido;
pero hasta en el dormir estoy temiendo
y pregunto entre sueños: "No te has ido?".
segunda-feira, 5 de março de 2012
"Noturnos e outros poemas".
sábado, 3 de março de 2012
Cecília Meireles, no livro "Vaga Música" (1942).
CANÇÃO DO CAMINHO
Por aqui vou sem programa,
sem rumo,
sem nenhum itinerário.
O destino de quem ama
é vário,
como o trajeto do fumo.
Minha canção vai comigo.
Vai doce.
Tão sereno é seu compasso
que penso em ti, meu amigo.
- Se fosse,
em vez da canção, teu braço!
Ah! mas logo ali adiante
- tão perto! -
acaba-se a terra bela.
Para este pequeno instante,
decerto,
é melhor ir só com ela.
(Isto são coisas que digo,
que invento,
para achar a vida boa...
A canção que vai comigo
é a forma de esquecimento
do sonho sonhado à toa...)
Assinar:
Postagens (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2012
(174)
-
▼
março
(16)
- SARAU LITERÁRIO ZONA SUL!
- "A Duração do Dia", de Adélia Prado. (Editora Reco...
- Jorge Luis Borges
- "Shame"
- Rainer Maria Rilke
- 14 DE MARÇO!
- Dia Nacional da Poesia!
- "Cais de Cítara", de Daniela Damaris.
- "Leia-me Toda", de Claudia Schroeder. Editora Dubl...
- SONETOS, de Florbela Espanca.
- Dia Internacional da Mulher!
- Hilda Hilst, no livro "Do Desejo".
- Dia da Mulher!
- Gabriela Mistral
- "Noturnos e outros poemas".
- Cecília Meireles, no livro "Vaga Música" (1942).
-
▼
março
(16)