domingo, 27 de setembro de 2015

Sarau Literário Zona Sul


No último dia 24 de setembro, apresentei a 50ª edição do Sarau Literário Zona Sul, UMA NOITE RUSSA, a convite da Associação Amigos do Palacinho, cuja presidente é a poeta Cleonice Bourscheid.

O evento realizou-se no belo Salão Mourisco, Biblioteca Pública do Estado. Sua diretora, Morganah Marcon, esteve presente, prestigiando o sarau.

Decidi, nesta edição, homenagear a poeta russa Marina Tsvetáieva (1892-1941), considerada uma das maiores poetas russas do século XX.

Palavras de Boris Schnaiderman, um de seus tradutores, sobre os versos de Marina:

"São concisos, ásperos, severos, de uma severidade que se alterna com certa tendência para o fluente e o musical, certamente dos mais belos e realizados da poesia russa deste século". (Poesia Russa Moderna, de Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman, Editora Perspectiva, 6ª edição, 2001).

Convidei os músicos da Ospa, Villi&Filipe para apresentarem, ao violino e violoncelo, música russa erudita e popular. Eles fizeram uma bela seleção, começando por Tchaikovsky, passando por Anton Rubinstein e Ivan Kozlovsky, entre outros compositores russos.
Como Marina teve que deixar a Rússia, e viveu na Tchecoslováquia e na França, os músicos apresentaram também HUMORESKE, do compositor tcheco Dvorak e JE NE REGRETTE RIEN e HYMNE À L'AMOUR, de Edith Piaf.


A seguir, dois poemas de Marina Tsvetáieva, ambos de 1918:

A roupa branca eu lavo no rio,
Duas florzinhas eu crio.

Toca o sino - eu me persigno.
No tempo da fome - me afino.

A alma e o cabelo - como seda.
Mais cara que a vida - a boa vereda.

Cumpro fiel a minha obrigação.
- Mas amo você - lobo e ladrão.



Se a alma nasceu alada -
Cabanas ou palácios, não são nada!
Gengis Khan, a Horda - o que são, no fundo?
Meus, há dois inimigos no mundo,
Dois gêmeos - indissoluvelmente amarrados:
A saciedade dos satisfeitos - e a fome dos esfomeados!

                                                      (Tradução de Aurora Bernardini)



Cleonice Bouscheid e eu, pouco antes do início do sarau, em foto de Alfredo Aquino



A violinista Villi e eu recebemos flores ao final do sarau (foto de Alfredo Aquino)


Os músicos Villi&Filipe e eu (foto de Ana Mello)


Filipe, eu, Villi, Morganah Marcon, Carmen Presotto, Cleonice Bourscheid, Alfredo Aquino


Os músicos, Villi&Filipe, e eu (foto de Alfredo Aquino)

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Lara de Lemos (1923-2010)




Poemas Esparsos (1999 - 2000)


Haicai

Sinto-me oblíqua
como o voo de pássaros
no azul da nuvens.


Anunciação

O verão se anuncia
nos pêssegos maduros
nos jardins perfumados
no rumor das asas
nas cigarras que cantam
como violinos desafinados.

As estações se sucedem.
Permanece apenas
o coração angustiado.


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