domingo, 28 de junho de 2015
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Adélia Prado!
Que belo texto!
Erótica
é a Alma
Adélia Prado
Adélia Prado
Todos vamos envelhecer... Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As
pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho
irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos.
A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço
dos vinte e o erotismo dos trinta anos. O segredo não é reformar por fora. É,
acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o
estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente,
irá corroer o exterior.
E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar. Erótica
é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com
sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de
preconceitos, intolerâncias, desafetos.
Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o
bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos
lábios. Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela
passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu
deserto e ama sem pudores.
Aprenda: bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma
negligenciada anos a fio.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
12 de junho!
No Dia dos Namorados, poema de Hilda Hilst, do livro AMAVISSE:
II
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada.
quarta-feira, 10 de junho de 2015
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