O que desejo é o corpo e não beijo. O que desejo é o corpo e não toco. Quando vem a dádiva já tenho o lábio torto de irrisão. Vai morrer, digo à boca. Vai secar, digo à mão. Bela como um arcanjo, uma força de danação quer me perder.
Abaixo, dois dos poemas que li no sarau MOLDURAS DO PAGO, dia 12/09, no Piquete Casa do Alegrete, Acampamento Farroupilha. O sarau foi organizado pelo poeta Élvio Vargas e contou, ainda, com a participação de Alcy Cheuiche e Demétrio Xavier.
Poemas da alegretense Virgínia do Rosário:
despedida
o sol escalda o meio-dia gota a gota desinstala as cores
cria só um gema rubra nas maçãs do rosto
e miragens
estou nublada daqui a pouco chovo
olaria me falas dos tijolos expostos na tua poesia, e das asas em pares - eu diria: - suados poros - em que me adivinhas
mal sabem, amiga, teus dedos generosos o quanto os meus exploram a argila das tuas palavras de onde alçam voo os teus tijolos
O poeta acaba de lançar o livro de poemas VENTONAVEIA (ScripTorium, 2014), juntamente com THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOG, de Jorge Rein, contos e A NINFA DRAGÃO, de Julio Zanotta, ficção, todos pelo mesmo selo editorial.
Dois poemas de Mario Pirata que estão no novo livro:
SOLTA
palavra (s)alta (b)oca e fura
a fala esmurra doida dura
nem muita nem pouca ela ainda cura
TANTRA
tanta história para ler tanta água para beber tanta coisa para saber tanta paisagem para ver tanta palavra para escrever tanta pessoa para conhecer e eu aqui tonto de doer tentando te esquecer
P.S. Pirata, obrigada por me dedicar um poema. Fiquei feliz!