Fiquei muito feliz ontem, dia 30, com a realização de mais um Sarau Literário Zona Sul.
O Iaiá Bistrô , charmosamente administrado pela Daniela Craidy, estava lotado de gente que foi até lá para ouvir a poesia de Renato de Mattos Motta.
Ele é, nessa ordem, poeta, artista plástico, publicitário e produtor cultural.
Lemos, Renato e eu, seus poemas sociais, seus haicais, seus poemas líricos.
Abaixo, dois desses poemas:
não sei fazer poema
não sei fazer poema
com métrica de régua
o ritmo dos meus versos
não é aquele
marcial
marcado com pés,
compassos,
sílabas contadas
o ritmo dos meus versos
é o do meu coração
descompassado,
fibrilante,
taquicárdico
não sei fazer poema
com marcapasso.
vaca
clara fêmea noturna
carnal carícia
vaca sagrada dos cornos de lua
altar pagão
vaca chapada que ronda a rua
morna sedução
vaca divina curvilínea
pele leitosa
deleite no leito
tetas macias de leite em pó
esguichando estrelas na noite
iluminando caminhos no céu
mãe do dia
amante da noite
paixão da terra
imensa vaca de sangue quente
que aplaca desejos com cerveja
carne de beijo na boca
poderosas coxas
corpo fértil
paraíso de prazeres
traçando na minha noite
vias tortuosas de perdição.