SILÊNCIO
Silêncio! O que teu corpo mais anseia,
no espaço em flor dos seios afiados,
é um pouco de gengibre em teu púbis,
um risco de canela em teus quadris.
Nesse silêncio: os diques reprimidos,
e a pontuação de fogo dos gemidos.
EMBORA TUA CARNE
Embora tua carne seja a mesma:
quem põe no teu braseiro outro carvão,
e irrita a flama que se torna azul
para variar de língua e de bailado?
Quem faz girar o teu rebolo, e afia
a lâmina que não te deixa fria?

Escuta: quando a noite for silvestre,
e a fome de outro corpo transbordar,
alija tua fome, remergulha
em amores que outrora floresceram.
Talvez aí cintile tua presença,
e o rubor desse corpo que te espreita,
ao pé de ti, mas afogado em flamas.
Pensarás desta vez que és tu que o amas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário