quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Escritores Gaúchos


Palavras de Maria Helena Martins, escritora e doutora em Literatura Comparada, diretora do CELPCYRO, Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins, do qual é diretora. Este texto foi escrito no site www.celpcyro.org.br, na coluna "Escritores Gaúchos".

         Nos facebooks, twitters, blogs, a força criativa da expressão, a necessidade genuína de comunicar e a noção do que importa mesmo informar quase sempre se diluem num fraseado entre o coloquial e o supostamente espontâneo, apressado. Assim se constitui grande parte do texto internético, longe do literário, a anos luz do poético. Há também uma tendência à infantilização e a um barateamento das emoções.  Mas é inegável que estamos diante de uma nova linguagem, forjada nas e pelas ferramentas eletrônicas, que não pode ser ignorada.
               A vantagem nesse jeito de dizer se encontra no exercício de síntese: não há tempo/espaço para mais delongas. Será por aí a contribuição dos  textos internéticos a escritores do livro impresso? Como?
             Diria que os contos de Cristina Macedo partem dessa característica, pelo seu escrito enxuto. Mas a leveza e concisão se amalgamam numa narrativa calibrada pela  criação de um clima. Sem arroubos ou desvios, o texto pega o leitor. E não há tempo para se preparar, nem espaço para conjeturas. Num zaz a história acontece, aconteceu. Mais: não há condescendência nela, a sutileza fica no trato da linguagem - a sangue-frio.  E esse paradoxo deixa o leitor à espera de uma explicação, meio atordoado. De volta ao texto, a ver onde mesmo teria se perdido ou deixado escapar um indício, uma alusão. Enfim, a literatura dessa autora - com um elã atual - traz de volta aquela questão milenar: a arte imita a vida ou a vida inspira a arte, por mais absurda e irreal que esta possa parecer?

          Gaúcha morando em Porto Alegre, Cristina Macedo é Mestre em Literaturas de Língua Portuguesa, pela UFRGS, com o tema "A Mulher em O Tempo e o Vento", de Erico Verissimo. Traduziu Ariel, de Sylvia Plath, juntamente com o poeta Rodrigo Garcia Lopes(Editora Verus, 2007). Tem contos na antologia Ponto de Partilha I, organizada pelos escritores Valesca de Assis e Rubem Penz.( Editora Kalligraphos, 2008). Também publicou contos  nas coletâneas Arca de Impurezas (2008) e Arca Profana(2010)(Território das Artes Editora). Leciona inglês, traduz poesia e, ultimamente, dedica-se a escrever poemas. E anima, desde 2008, o Sarau Literário Zona Sul, assim como agora o faz em Quarta tem sarau no Quarto, do CCEE Erico Veríssimo.
                                                                
                                                                         Maria Helena Martins

 
                                             
                                                                                    

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